Inflação faz consumidores trocarem supermercados por mercadinhos de bairro

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Uma das provas disso é que as vendas dos hipermercados caíram 2,1% em fevereiro frente ao mesmo mês de 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

A aposentada Euricilia Oliveira, 86 anos, reclama que não sentiu ainda os efeitos da desoneração da cesta básica

Já não basta ter tirado o tomate da nossa salada e deixar a tradicional farinha de mandioca com um preço bem mais salgado. O temido dragão da inflação está mudando outro hábito do brasileiro: ir ao supermercado. A pressão inflacionária sobre os alimentos tem forçado o consumidor a trocar as grandes redes pelos mercadinhos de bairro. Uma das provas disso é que as vendas dos hipermercados caíram 2,1% em fevereiro frente ao mesmo mês de 2012, segundo o  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Variações negativas não aconteciam desde março de 2009.

A alta dos alimentos é o principal motivo para a mudança no comportamento. Para se ter uma ideia, a inflação na cidade do Recife registrou um índice de 7,33% nos últimos 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A variação foi maior que a média nacional, que ficou em 6,59%. No mês de março, os preços da cebola, farinha de mandioca e do frango em pedaços subiram 11,70%, 6,29% e 7,50%, respectivamente.

 “Venho ao supermercado, no máximo, duas vezes por mês. Os preços aqui são mais caros em relação aos mercadinhos. Nunca levo tudo o que eu preciso”, diz a médica Marycellia Novais, 31 anos. Para manter o gasto médio mensal de R$ 600 com a feira, ela também começou a comprar produtos de marcas mais baratas.

Até dezembro, a dona de casa Isabel Magalhães, 38, desembolsava cerca de R$ 700 pela sua feira mensal. Hoje, o valor médio não sai por menos de R$ 1,2 mil. “Também prefiro comprar nos mercados de bairro. A variedade de produtos não é a mesma, mas o preço é bem melhor”, opina. Ela espera que nos próximos meses os preços fiquem mais estáveis.

O vice-presidente da Associação Pernambucana de Supermercados (Apes), Djalma Cintra, informa que desde janeiro o volume de vendas na capital tem caído. “Não é uma queda generalizada, mas apenas naqueles itens que estão com os preços mais elevados.” Para ele, enquanto a inflação não se estabilizar, a tendência é que as vendas caiam ainda vez mais.

Nem a recente desoneração da cesta básica, anunciada pelo governo federal, tem aliviado o bolso do consumidor. “Ouvi falar que a cesta básica ia ficar mais barata, mas até agora não vi diferença”, reclama a aposentada Euricilia Oliveira, 86. Ela passou a substituir o tomate pelo extrato industrializado, além de cortar itens supérfluos da feira mensal. “Apesar disso, hoje eu estou gastando 30% a mais para levar os mesmos produtos que eu comprava dois meses atrás”, comenta.



Veículo: Diário de Pernambuco


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