Regularização de dívidas é recorde e lojista de BH projeta avanço de até 6% nas vendas na data, com giro de R$ 2,2 bi
Depois do recuo das vendas no varejo em fevereiro, a segunda melhor data para o varejo, atrás apenas do Natal, o Dia das Mães é a grande esperança dos lojistas brasileiros para alavancar as baixas vendas registradas no primeiro bimestre do ano. Em Belo Horizonte, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) estima que os consumidores vão injetar de R$ 2,18 bilhões a R$ 2,22 bilhões no comércio – de 4,5% a 6% a mais do que a cifra apurada em igual período do ano anterior. A boa notícia veio acompanhada de duas pesquisas que deixam os empresários do setor otimistas para as compras em razão do segundo domingo de maio.
Ambas tratam do aumento no número de cancelamentos em listas de inadimplentes. A primeira, da própria CDL, revelou que o percentual de pessoas que retiraram o nome da lista de maus pagadores cresceu 6,71% no confronto entre o primeiro trimestre de 2013 e o de 2012 – a entidade não traduz o índice para número absoluto. Por sua vez, o segundo levantamento, da Serasa Experian, elabora a estatística com percentual e número absoluto: 7,2 milhões de pessoas limparam o nome no primeiro trimestre deste ano – 4,5% acima do apurado em igual intervalo do exercício anterior.
O número da Serasa tem abrangência nacional e é recorde para o período desde o primeiro trimestre do ano desde 2006, quando o estudo começou a ser feito. Na prática, essa última pesquisa ajuda a entender o porquê de o volume de vendas no varejo cair no início do ano: o brasileiro deixou de comprar mais para quitar suas dívidas. “O consumidor pôs um pé no freio do consumo para renegociar dívidas”, reforçou o economista Carlos Henrique Almeida, da Serasa Experian. Agora, com o nome limpo, a torcida dos lojistas da capital é para que os novos adimplentes engrossem o volume de vendas.
“O fator que tem o impacto mais perceptível é o mercado de trabalho, que vem apresentando taxas de desocupação historicamente baixas. Outro fator são os aumentos significativos do rendimento real dos ocupados. Com mais pessoas empregadas e recebendo melhores salários, pode-se esperar um aumento na movimentação de consumidores no comércio”, disse Bruno Falci, presidente da CDL-BH. Para ele, os pontos de vendas especializados em produtos de utilidades para o lar, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, perfumaria, moda feminina, acessórios, calçados e livraria serão os destaques.
JUROS
Muitas vitrines já estão enfeitadas para a data em BH. De hoje ao Dia das Mães, porém, a taxa que dita o ritmo dos juros no país, a Selic, pode subir dos atuais 7,25%. Economistas acreditam que a Selic subirá para 7,5%, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem, em resposta ao avanço da inflação, que subiu 6,59% nos últimos 12 meses, acima do teto da meta (6,5%) perseguida pelo governo federal em 2013.
Para o presidente da CDL, Bruno Falci, o forte apelo emotivo do Dia das Mães vai compensar a alta da Selic, caso ela se confirme. “Eu acredito que há ambiente para a Selic permanecer no patamar de hoje, pois a inflação de março desacelerou (em relação a fevereiro). Porém, caso ocorra, ela não vai influenciar a data, pois é um prazo curto (entre a reunião do Copom e o segundo domingo de maio).”
Já Carlos Henrique, economista da Serasa, não descarta um impacto da Selic nas compras: “Talvez no valor médio do tíquete de compra, que pode cair”. Mas o quanto cada filho vai gastar em média as entidades ainda não calcularam.
Otimismo além da conta
Muitos lojistas estimam aumentar as vendas em percentuais acima do previsto pela CDL. Na loja Mundo de Anna, especializada em artigos femininos, a empresária Maria Fernanda Patrus prevê um faturamento de 20% a 30% maior. “Nossa novidade é uma linha de acessórios mais sofisticados, com estruturas metálicas, pedras naturais, facetadas e até cristais. Os clientes solicitam presentes mais elegantes, principalmente para datas como o Dia das Mães. Pedras naturais têm uma relação simbólica com as mães, pois representam algo eterno, com valor sentimental forte.”
A data também deixa otimistas os comerciantes dos shoppings. No BH, a direção do mall prevê um aumento de 13% nas vendas. Para o superintendente do empreendimento, Durleno Rezende, há condições para o bom desempenho do varejo. “Estamos preparando uma promoção imperdível”, disse o executivo, mas sem revelar a estratégia para incrementar o faturamento.
O DiamondMall também está otimista com a data: crescimento de 10% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. “O DiamondMall tem apresentado um histórico de crescimento de vendas significativo nesta data, nos últimos três anos, e os lojistas estão com os estoques renovados com inúmeras opções. Além disso, o shopping está preparando uma promoção impactante e totalmente diferenciada para a data”, destaca a superintendente do centro de compras, Lívia Paolucci.
Veículo: Estado de Minas