O cenário atual para o varejo já não é tão bom quanto o de 2012. A inflação alta começa a influenciar as vendas
O desempenho do comércio varejista do Ceará, que historicamente tem sido positivo e superior a média do País, ficou abaixo da performance nacional em fevereiro, registrando queda de 0,9% em volume de vendas e alta 0,5% em receita nominal, ambas as variações com relação ao mês de janeiro, ajustadas sazonalmente. Já o Brasil, apresentou nos mesmos quesitos, índices de -0,4% e de 0,6%, respectivamente. O varejo já verifica no comportamento cautela do consumidor frente a alta dos preços.
No comércio varejista ampliado - que inclui o varejo e as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção - o Ceará teve queda de -2,6% em volume de vendas e alta de 3,6% em receita nominal, comparativamente a igual mês de 2012. No país as variações do varejo ampliado foram positivas no segundo mês de 2013 face a fevereiro do ano passado, de 1,2% em volume de venda e de 5,5% em receita nominal.Os dados são da pesquisa mensal do comércio varejista divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números alertam para o freio no consumo, provavelmente em resposta a inflação, que vem ganhando fôlego nos últimos meses.
No Ceará, o setor de maior destaque na redução das vendas do comércio foi o de equipamentos e materiais para escritório e informática FOTO: FABIANE DE PAULA
Setores
No Ceará, o setor de maior destaque na redução das vendas do comércio foi o de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, que em fevereiro deste ano amargou queda de 20,1% em volume de vendas e de -28% em receita nominal, ambos comparativamente ao mesmo mês em 2012.
Móveis e eletrodomésticos
Em seguida, também apresentaram recuo nas vendas no comparativo mensal os setores de móveis e eletrodomésticos (-7,7%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-7,4%); veículos, motocicletas, partes e peças (-6,9%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-4,4%); tecidos, vestuário e calçados (-3,1%); além de livros, jornais, revistas e papelaria (-2,2%).
Apenas as áreas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (32,4%); material de construção (11,6%); e combustíveis e lubrificantes (9,6%) apresentaram alta em fevereiro de 2013 frente a igual mês de 2012.
Base alta de comparação
Para o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Freitas Cordeiro, em geral os segmentos que apresentam queda nas vendas de fevereiro vinham com uma performance muito positiva, gerando uma base alta de comparação.
O empresário cita também outros agravantes. "Fevereiro já é um mês atípico e o Carnaval esse ano veio logo abrindo o mês. Temos também uma inflação teimando em crescer, que influencia o comportamento de vários setores. Não só do comércio", argumenta.
Saldando compromissos
Freitas Cordeiro acrescenta que em fevereiro os consumidores ainda estavam pagando as compras do fim do ano. "E com essa oscilação na economia, a inadimplência subindo e a inflação. Tudo isso associado às despesas escolares e aos tributos do início do ano acabou desestimulando o consumo, especialmente de produtos que não são de necessidade imediata", observa.
Sem perder o otimismo, o líder classista aposta em resultados melhores na pesquisa de março. "Em março as perspectivas foram mais animadoras para o varejo cearense, principalmente devido ao Fortaleza Liquida", afirma Cordeiro.
Situação nacional
No Brasil a queda das vendas do comércio varejista ampliado, na relação fevereiro de 2013 versus fevereiro de 2012, ocorreu em quatro das oito atividades do varejo. Por ordem de importância no resultado global, a retração nas vendas foi liderada pela atividade de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,1%); seguida de móveis e eletrodomésticos; combustíveis e lubrificantes; e tecidos, vestuário e calçados. Os três experimentaram variação negativa de 1%.
Em relação a janeiro de 2013, o volume de vendas da atividade de veículos, motos, partes e peças registrou queda de 1,7% em fevereiro, sendo esse o segundo mês consecutivo de resultado negativo nesse tipo de comparação. Conforme o levantamento do IBGE, o motivo da queda foi o aumento no preço dos automóveis em decorrência da redução de estoques das unidades com IPI reduzido.
Veículo: Diário do Nordeste