Em função da alta dos índices de inflação durante o primeiro semestre deste ano, impulsionada pelos alimentos, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou, pela primeira vez, pesquisa que revela a disparidade nos preços praticados para um mesmo produto. O levantamento contemplou três capitais: Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.
O economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da fundação, André Braz, ressaltou que a FGV realiza semanalmente pesquisas sobre os preços de diversos produtos, mas que é a primeira vez que o levantamento é apresentado dessa forma, com os preços mais altos e baixos encontrados nessas localidades. "Foram pesquisados supermercados e feiras mais procurados pelas famílias", disse.
De acordo com ele, o objetivo do estudo é conscientizar a população sobre a importância da pesquisa de preços, em especial, em uma época em que os índices de inflação se tornaram mais evidentes em razão das constantes altas. "Vale ressaltar que nos primeiros seis meses do ano os alimentos básicos ficaram mais caros, o que afeta, em especial, a população de menor poder aquisitivo", observou.
Em termos de valores percentuais, o destaque na capital mineira foi da alface lisa, com dispersão de 118% em julho. A unidade pode ser encontrada de R$ 0,50 a R$ 1,09. Outro produto que registrou oscilação expressiva entre os locais pequisados foi o mamão papaya, com variação de 80,54%. O quilo mais barato custou R$ 1,49 e o mais caro R$ 2,69.
O pacote de cinco quilos de arroz branco fino tipo 1, que foi um dos produtos que apresentou alta expressiva no intervalo de janeiro a junho deste ano, pôde ser encontrado com preços que variaram entre R$ 9,90 e R$ 13,98, o que representa uma diferença de 41,21%.
O quilo do feijão carioquinha variou de R$ 4,15 a R$ 5,89, com dispersão de 44,10%. O percentual é ainda mais relevante para o tomate (76,26%), sendo encontrado pelo belo-horizontino de R$ 1,98 a R$ 3,49 o quilo.
Em São Paulo, o produto que apresentou a variação mais expressiva no mês passado foi o tomate, com variação de 110,69% nos preços praticados. O preço mais em conta em julho foi de R$ 1,59 (o quilo). Já o mais caro pôde ser adquirido a R$ 3,35. No Rio de Janeiro o produto foi encontrado entre R$ 1,99 e R$ 3,49, uma oscilação de 75,38%.
Clima - Braz ressaltou que alguns itens acabam tendo variação mais expressiva em um curto curto em função de vários fatores, como o clima. " o caso dos alimentos in natura. Daí, a necessidade de um acompanhamento constante do consumidor", disse.
Os últimos dados da FGV no que se refere ao desempenho da inflação revelaram que Belo Horizonte foi a única capital do país a apresentar elevação da taxa na passagem da primeira para a segunda semana de agosto. O índice foi impulsionado pelo grupo "Alimentos", de acordo como economista do Ibre.
O IPC-S de Belo Horizonte apresentou variação de 0,60% na segunda semana de agosto. O resultado foi 0,17 ponto percentual superior ao da semana anterior (0,43%). Apesar da alta, a tendência, segundo Braz, é de desaceleração da inflação dos alimentos. "Ainda há espaço para queda", disse.
Nesse período, a taxa da capital mineira ficou bem acima da média do país, que registrou variação de 0,34% no mesmo período. Na comparação com a primeira semana do oitavo mês do ano foi verificado recuo de 0,10 ponto percentual (0,44%).
Veículo: Diário do Comércio - MG