O último mês de 2008 registrou uma inflação de 0,28%. Trata-se de uma desaceleração frente à taxa de novembro, de 0,36%, conforme o apurado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o IPCA ano fechou em 5,90%, abaixo do teto da meta de 6,5%, estipulada pelo governo para a inflação em 2008. "O resultado do mês é a menor taxa registrada em dezembro desde o início do Plano Real", informou Eulina dos Santos, coordenadora de índices de preços do instituto. Mas, levando-se em conta os resultados do ano inteiro, a inflação de 2008 é a maior registrada desde 2004, ficando 1,44 ponto percentual acima da taxa de 2007.
Em dezembro, a tendência de desaceleração nos preços - já iniciada em novembro - manteve-se. Os alimentos subiram 0,36% ante os 0,61% de um mês antes. "Eles foram a principal causa da redução da taxa", informou Eulina. As carnes, que acusavam alta de 2,53% em novembro, variaram 0,44% no último mês do ano. Elas foram um contraponto à alta significativa do tomate, que aumentou 34,11% no mês. "Esta foi uma época de fortes chuvas e o tomate é muito sensível ao clima, o que levou a uma maior escassez do produto", explicou a especialista.
Outro item que favoreceu a queda do índice de inflação no mês foi o feijão carioca, que ficou 19,02% mais barato, tornando-se a principal contribuição para a queda na taxa de dezembro. No ano, esse tipo de grão vivenciou uma deflação de 29,50%. Segundo a coordenadora da pesquisa, em 2007, o produto havia experimentado uma alta de 144,42%, o que atraiu os produtores a apostarem no seu plantio em 2008. Contudo, houve super oferta ao longo dos últimos doze meses, forçando a queda do seu preço.
Completa a série de doze índices do IPCA de 2008, Eulina explicou que a inflação do ano seguiu um comportamento semelhante ao de 2007. "As principais altas coincidiram com o período da alta dos preços das commodities no mercado internacional", salientou. De acordo com a coordenadora, o primeiro semestre registrou taxas significativamente altas mas, a partir da crise financeira internacional, os alimentos passaram a registrar uma menor aceleração de seus preços. "De fato, a crise no segundo semestre teve uma interferência forte para desacelerar a inflação", explicou.
Despesas pessoais
No ano de 2008, os alimentos foram responsáveis por 41% da taxa do IPCA, ou 2,42 pontos percentuais da sua composição. "Eles pesam muito no orçamento das famílias e, mesmo tendo desacelerado no segundo semestre, no acumulado, os preços aumentaram muito em 2008", contou. Da variação de 11,11% experimentada por esta categoria ao longo dos doze meses, 8,65% deram-se no primeiro semestre, contou a coordenadora. Apenas 2,27% de alta foram registrados na segunda metade do ano.
Outro impacto importante em 2008 foi o das despesas pessoais, com aumento de 7,35% e um peso de 0,72 pontos percentuais na formação do índice. Também a habitação pesou: registrou alta de 5,08% e participou com 0,67 ponto percentual na composição da taxa. Individualmente, o item refeição em restaurante, com uma alta de 14,45%, participou com 0,55 ponto percentual no IPCA.
Fora da categoria de alimentos, os salários dos empregados domésticos - que faz parte do grupo "despesas pessoais"-pesou com uma alta de 11,04%, com impacto de 0,34 ponto percentual na taxa anual. Outras altas relevantes registradas foram colégios - com inflação de 4,75% -, plano de saúde (6,15%) e aluguel residencial, com aumento de 6,92% no ano.
Vale destacar o comportamento dos preços dos automóveis, que registraram em 2008 uma queda de 4,32%, no caso dos usados, e de 2,25%, no caso dos novos contribuindo para conter a alta da taxa anual.
O IBGE divulgou também o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que registra a inflação entre as famílias que ganham de um a seis salários mínimos. Em dezembro a taxa foi de 0,29% e no ano acumulou 6,48%. Neste caso, os alimentos sofreram alta de 11,40%.
Veículo: Gazeta Mercantil