Piora na estimativa do PIB em 2008 amplia temores

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Pela primeira vez em 27 meses, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio global voltou a registrar variação negativa mensal. 

Sob os efeitos da crise financeira internacional, que derrubou os preços e reduziu a demanda externa, as riquezas do setor tiveram um recuo de 0,88% em outubro de 2008, indicou na quinta-feira a pesquisa conjunta Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-USP). A agropecuária básica sofreu expressiva retração de 0,95%, a primeira desde dezembro de 2006. 

 

Mesmo com o revés do mês de outubro, a pesquisa CNA-Cepea projeta um significativo crescimento próximo de 7% no PIB do agronegócio. Em dez meses, a expansão chegou a 6,6%, puxada pelos bons preços do primeiro semestre do ano. A soma das riquezas somou R$ 685 bilhões até outubro. Na agropecuária básica, o acumulado de 2008 totalizou 12,5% nesses dez meses - foram 14,09% da agricultura e 10,4% da pecuária. 

 

Vitaminado pela forte alta nos preços internacionais, o segmento de insumos cresceu 17,07% no período. Na outra mão, a agroindústria avançou apenas 1,17% e a distribuição, 4,13%. A desaceleração mais aguda ocorreu nas indústrias de açúcar, beneficiamento de produtos vegetais, calçados, têxteis, vestuário, madeira e mobiliário, além de papel e celulose. 

 

Somado às perspectivas ruins para 2009, o resultado já provoca reações no setor. "Não queremos fazer alarde, não é uma recessão, mas um PIB negativo acende o sinal vermelho para o setor", resumiu a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO). 

 

Mesmo sem ter projeções para o PIB do setor em 2009, a senadora crê numa redução semelhante ao previsto para a soma global do país. "Se vamos crescer 2,5% no total do Brasil, mesmo que as pessoas não deixem de comer, deve haver uma redução parecida no crescimento do PIB do agronegócio", afirmou. 

 

No cenário deste ano, a CNA prevê grandes dificuldades para o plantio da safra 2009/10. "Nosso problema não será preço nem dólar, mas crédito, inadimplência e alto risco dos produtores", disse Kátia Abreu. As tradings, tradicionais financiadoras do setor nas fronteiras agrícolas mais distantes, devem reduzir em até 50% seus empréstimos ao campo. "Já temos problemas de sobra para 2009/10 e o governo não pode atrasar os recursos para estabilizar os preços durante a comercialização", afirmou ela. 

 

Se as previsões para o PIB do setor já recuaram, as projeções para a renda agrícola ("da porteira para dentro") também começam a ser revistas. Hoje (dia 8) o Ministério da Agricultura divulga sua nova estimativa, que certamente será menor. "Temos preços mais baixos, quebra da safra de grãos e redução da colheita de café. Teremos um número menor", diz José Garcia Gasques, coordenador de planejamento estratégico do ministério. 

 

No levantamento que divulgou em dezembro, os cálculos de Gasques indicavam que as 20 principais culturas do país renderiam R$ 153,3 bilhões em 2009, 6,9% menos que o montante previsto para o ano passado. O ajuste poderá levar a renda de 2009 abaixo de R$ 150 bilhões, mas o valor deverá permanecer acima do verificado em 2007 (R$ 142,1 bilhões).(MZ e FL) 

 

Veículo: Valor Econômico


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