Setor prevê recuperação até dezembro

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Grande aposta do mercado está na segunda metade do ano, com meta de crescime

O cenário não é o melhor: crescimento do país abaixo do esperado, inflação acima da meta estabelecida, um certo clima de insegurança política e um mercado cada vez exigente, onde os consumidores têm acesso a informações em tempo real de todo o mundo. Apesar das dificuldades, a publicidade mineira parece atravessar um bom momento, com profissionais da área otimistas. A expectativa de crescimento de 12% dos investimentos em publicidade no Brasil para 2013 em relação ao ano anterior, divulgado pela Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) no início do ano, deve ser alcançada por boa parte das agências sediadas no Estado, mesmo com os números consolidados nos primeiros cinco meses do ano pela revista Meio & Mensagem, que apontaram apenas 1,79% de crescimento nacional naqueles meses.

Segundo o presidente do Sindicato das Agências de Propaganda - Minas Gerais (Sinapro-MG), Adolpho Resende Netto, que também comanda a RC Comunicação, as dificuldades econômicas e as manifestações de rua acontecidas em junho abalaram o comércio em todo o país. "Esse é o pior resultado desde 2009, ápice da crise mundial. Infelizmente muitos empresários encaram a publicidade como um custo e os investimentos, que já estão baixos, acabam caindo mais", alerta Netto.

Para atingir as metas, as agências buscaram caminhos próprios e tiveram na inovação o maior diferencial, vencendo a batalha contra a carência de mão de obra especializada e a migração das contas de grandes empresas para agências de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Para o sócio-diretor da Percepttiva Inteligência e Comunicação, Luciano Auto, o primeiro semestre deixou a desejar e a Copa das Confederações, que poderia ter ajudado no aquecimento do mercado, no final das contas, não apresentou os resultados esperados. "As manifestações acabaram tirando as pessoas das ruas. Quem ia ao estádio não fazia outros passeios pela cidade e isso esfriou o comércio. No nosso caso específico não sentimos o baque porque não tínhamos clientes com grande foco no evento, mas os resultados do mercado como um todo poderiam ter sido melhores", avalia Auto.


Perspectivas - O resultado do primeiro semestre é considerado satisfatório, atingindo os mesmos patamares de 2012, mas a grande aposta está na segunda parte do ano, com meta superior a 10% de crescimento. "Nos preparamos para diversificar a nossa capacidade de atendimento especialmente com a parceria com a Elos Cross Marketing, especializada em marketing de experiência. A partir de agora vamos entrar, inclusive, nas concorrências públicas", avisa o diretor.

Para atender a esse mercado tão complexo, a Percepttiva aposta na formação de mão de obra dentro da própria agência, valorizando o programa de estágios e a construção de carreiras. A mesma estratégia é, trabalhada ao seu modo, utilizada pela Casablanca Comunicação e Marketing.

De acordo com o diretor de mercado da Casablanca, Sérgio Gariglio, as escolas têm entregue ao mercado profissionais com bom nível de formação, mas com pouco traquejo. "Os jovens chegam com muita informação, muita vontade, mas pouca vivência. Cabe a nós fazer esse elo entre as escolas e o mercado. Participar da formação dos novos profissionais é uma questão de sobrevivência do negócio.

Apesar do semestre conturbado, o diretor revela que no período foi possível fechar bons negócios e tem uma perspectiva otimista para a segunda parte do ano. "Os bons resultados são fruto de um grande esforço que fizemos nos últimos três anos. Trabalhamos na prospecção e reposicionamento da agência, criando uma empresa capaz de renovar a oferta para o mercado, com foco na inteligência aplicada ao negócio do nosso cliente", explica.

No mercado desde 2004, a Pop Corn Comunicação e Marketing também prevê um crescimento pouco acima da meta projetada pela Fenapro. O diretor Fred Albuquerque também aposta em um segundo semestre capaz de recuperar os números apresentados até agora. Focado em inovação, o publicitário explica que as dificuldades já eram esperadas. "2013 se encaixa no período entre eleições e ainda de ajuste. No ano em que assumem, os governantes trabalham com o que foi decidido pelo antecessor, por isso os investimentos diminuem. Também já sabemos que a Copa das Confederações não tem, tradicionalmente, um impacto econômico importante, especialmente no caso de Belo Horizonte, que não reuniu grandes seleções", afirma Albuquerque.

Focada em projetos especiais, a agência Coletânea, há cinco anos no mercado, tem vivido um ano especial e espera chegar ao fim de 2013 com projeção de 30% de crescimento em relação ao ano passado. Segundo a diretora de planejamento, Mônica Carneiro, os empresários mineiros já não têm o mesmo perfil conservador do passado e, embora nem sempre saibam exatamente o que querem, sabem muito bem que o modelo tradicional já não atende tão bem às novas necessidades de um mundo cada vez mais globalizado e complexo. "Acredito que agora é que estamos chegando à nossa realidade, sem a euforia dos últimos anos. E é nessas condições muito mais apertadas que as soluções devem ser mais criativas. O empresariado tem sido obrigado a mudar", avalia Mônica Carneiro.

Para atendê-los, as agências também são obrigadas a mudar e as distâncias já não são empecilho para ter grandes profissionais como colaboradores. "Hoje já não é necessário ter grandes escritórios, com um quadro imenso de funcionários. Trabalhamos pela web de maneira muito eficiente. Temos colaboradores e clientes em todo o país e até fora dele. Minas ainda perde profissionais para o eixo Rio-São Paulo porque lá estão os grandes desafios, mas isso não nos impede de trabalhar com eles também.  uma questão de ousadia", aponta a diretora.


Mudança - O diretor da Agência Life, Francisco Brandão, também vê uma mudança de comportamento do empresariado mineiro, embora não tão radical. Para atender esse novo mercado a solução é, muitas vezes, buscar profissionais até mesmo fora de Minas Gerais. "A universidade não entrega o profissional pronto e treiná-lo pode ser um processo muito lento. Por isso precisamos criar condições de atração e ir ao mercado atrás de experiência. Não existe uma solução única para a questão da mão de obra.  preciso criar e também atrair talentos já formados", ensina Brandão.

Longe da Capital as agências também se esforçam para garantir sua fatia de mercado. Há 10 anos, a Atres Comunicação Associada, de acordo com a sócia e diretora Daniela Moura Borges, forma mercado em Araxá, no Alto Paranaíba, focada nas médias e pequenas empresas. "O primeiro semestre foi mais baixo, como de costume. Mas já em junho o mercado começou a se movimentar, de olhos nas datas festivas. Em Araxá sofremos com a migração das contas das grandes empresas para Belo Horizonte ou São Paulo, mas aos poucos as empresas menores tem percebido a importância da publicidade", analisa Daniela Borges.

O otimismo da publicitária tem como base novos contratos para 2014 que já começaram a ser fechados. O maior desafio tem sido a retenção de mão de obra, já que a cidade não conta com nenhuma escola de comunicação. " difícil manter os talentos na cidade, já que depois de formados os jovens querem cidades maiores. Temos que trabalhar nas duas pontas, convencendo clientes e profissionais de que temos um bom mercado", afirma.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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