Emprego formal perde mais de 650 mil vagas

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O dado pessimista que assombrava o País agora é oficial: 654.946 trabalhadores com carteira assinada perderam o emprego em dezembro, em reflexo direto da crise financeira. É o pior resultado registrado no mês de dezembro desde 1992, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

 

"O presidente Lula recebeu esses dados e está estudando que medidas podemos adotar setorialmente", disse o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. Admitindo que os números "não surpreenderam, mas desagradaram", Lupi reiterou que espera ainda mais resultados "fracos" em janeiro e fevereiro, mas aposta em retomada do nível de emprego a partir de março.

 

O ministro destacou que em todo o ano passado o Brasil gerou 1.452.204 novos empregos celetistas, o terceiro melhor resultado em uma série que tem início em 1996. Os dois melhores resultados são os de 2007, com 1,617 milhão de novos empregos formais; e 2004, com 1,523 milhão de novos postos de trabalho. O País encerrou 2008 com um estoque de 30,418 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Mesmo no saldo positivo consolidado do ano há más notícias, com 13 mil cortes pela indústria de madeira e mobiliário; 8,7 mil dispensas na indústria de calçados e menos 2,9 mil postos na indústria da borracha, fumo e couros.

 

Em dezembro, o ritmo de dispensas foi generalizado. Só a indústria de transformação dispensou 273 mil trabalhadores (com destaque para as 109 mil dispensas da indústria de alimentos e bebidas). Também cortaram postos no período os setores de agropecuária (134 mil dispensas) e serviços (117 mil demissões), enquanto a construção civil demitiu mais de 82 mil trabalhadores. Para Lupi, a construção civil foi atingida pela falta de crédito tanto para incorporadoras como para consumidores.

 

Já a indústria de transformação teria sido prejudicada devido à formação de altos estoques até outubro, faltando-lhe mercado depois da chegada da crise. São Paulo liderou as dispensas em dezembro, com o corte de 285,5 mil postos de trabalho; seguido da perda de 88 mil empregos em Minas Gerais e de 49,2 mil postos no Paraná.

 

Para o ministro, a questão da construção civil está praticamente resolvida, com o pacote de apoio à habitação que está sendo elaborado pelo governo. Lupi disse também acreditar que na agricultura haverá retomada de contratações com as novas liberações de crédito e início da safra. O desafio, admitiu Lupi, é reaquecer o mercado de trabalho na indústria de transformação.

 

O saldo apontado pelo Caged leva em conta o total de admissões e o total de demissões no mês, o que demonstra outros problema da economia brasileira: a alta rotatividade da mão-de-obra. "Isso é característica do Brasil, empregar e demitir muito, ser muito volátil", declarou Lupi. Dados relativos exclusivamente a dezembro apontam para 1.542.245 desligamentos e 887.299 admissões no período. Lupi foi chamado por Lula para uma reunião da qual também participou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. No encontro, realizado ontem, além dos números do desemprego, começou a ser alinhavada estratégia para reverter o quadro de demissões.

 

O governo lançará nos próximos dias um novo pacote de medidas para combater à crise, com medidas para estimular a geração de empregos. É certo que o setor de construção civil terá medidas de apoio, insinuou ontem Lupi. "A construção civil tem sido, nos últimos três anos, o maior gerador de emprego", afirmou. Em relação à indústria, o ministro disse que é um setor que exige medidas mais complexas. Lupi, inclusive, afirmou que defenderia redução de impostos para alguns setores. Descartou, entretanto, redução de encargos e benefícios aos trabalhadores. "Momento de crise não é momento de tirar direitos dos trabalhadores", disse.

 

O ministro afirmou ainda estar certo que a taxa de juros básica da economia - a taxa Selic - será reduzida na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, ainda esta semana. "Tenho certeza de que haverá queda dos juros. A minha dúvida e se os bancos vão acompanhar.", declarou.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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