A balança comercial brasileira iniciou o ano com déficit. Segundo relatório divulgado ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no período de 1 a 11 de janeiro (seis dias úteis) as importações suplantaram as exportações em US$ 12 milhões. No período analisado, as vendas externas totalizaram US$ 2,958 bilhões e os desembarques, US$ 2,970 bilhões.
Pelo critério de média diária, a queda foi generalizada. Na ponta das exportações, a média de US$ 493 milhões por dia significou uma retração de 18,3% sobre a performance diária de todo o mês de janeiro de 2008. Em relação a dezembro do ano passado, a média diária caiu 21,5%.
Os produtos que mais impactaram negativamente as exportações na comparação com janeiro de 2008 foram os manufaturados, com queda de 39,4% pelo parâmetro de média diária. Essa redução foi puxada pelos menores embarques de aviões, autopeças, óleos combustíveis, laminados planos, veículos de carga e calçados. Já a performance diária de semimanufaturados e produtos básicos cresceu respectivamente 19,8% e 1,9%. Frente a dezembro, o desempenho médio diário caiu em manufaturados (-42,8%) e básicos (-14,2%), mas cresceu 56% em semimanufaturados.
A média diária das importações foi 11,9% inferior à de janeiro de 2008 e 5,4% menor que a de dezembro. Frente a janeiro do ano passado caíram os desembarques de adubos e fertilizantes, cereais, combustíveis e lubrificantes, produtos farmacêuticos, aparelhos eletroeletrônicos e de instrumentos de ótica e precisão. Em relação a dezembro, as principais baixas ocorreram em adubos e fertilizantes, combustíveis e lubrificantes, produtos farmacêuticos e cereais.
Felipe Salto, analista da Tendências Consultoria Integrada, lembra que dados semanais não refletem a dinâmica do mês, porque num período tão curto de tempo uma operação isolada - a exportação de um avião, por exemplo - reflete no resultado. Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, concorda: "Os dados semanais são muito voláteis".
"É necessário esperar o resultado do mês, mas é preciso considerar que as exportações e as importações caíram substancialmente tanto frente ao mesmo mês de 2008 como sobre o mês anterior", diz Salto, da Tendências, adicionando que os atuais números estão em linha com as projeções da consultoria. "Já esperávamos uma queda, porque o início de 2008 tinha sido muito forte."
A Tendências espera um saldo comercial de US$ 21,8 bilhões para este ano, resultado de exportações de US$ 168,0 bilhões (US$ 197,9 bilhões no ano passado) e de importações de US$ 146,2 bilhões (US$ 173,2 bilhões em 2008). "Prevemos uma queda expressiva dos dois lados, por causa principalmente do fator preço, mas também devido à redução de quantum."
Pessoa, da LCA, vislumbra um superávit bem menor, de US$ 9 bilhões. Ele também acha que o maior responsável por esse saldo minguado será o preço. "O índice de quantum das importações ainda deve crescer de 2% a 3%, mas o das exportações cairá de 5% a 6% em 2008. Já os preços cairão cerca de 11% nas duas pontas." Ele destaca, porém, que as projeções da LCA devem ser revistas muito em breve. "O quantum das exportações pode cair por causa da forte desaceleração de países que tradicionalmente compram do País, como Argentina, Venezuela e China."
Veículo: Gazeta Mercantil