Nem mesmo os setores de brinquedos e roupas, que mais vendem, escaparam
O Natal para a indústria já acabou e o balanço não foi positivo. As encomendas do varejo, que precisam chegar com mais de um mês de antecedência para dar tempo de serem atendidas, ficaram abaixo das expectativas em vários setores. Nem a produção de brinquedos e roupas, os campeões de vendas no período, escapou.
Para o setor têxtil, a queda ficou em cerca de 10% ante 2012. A expectativa era alta de 5%. A retração vai jogar para baixo o resultado do ano. "Acredito que será uma redução entre 7% e 9% no ano. Em 2012 havia sido de 3%", afirma o presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Malhas no Estado de Minas Gerais (Sindmalhas MG), Flávio Roscoe.
O resultado parece ser contraditório, uma vez que na última pesquisa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) 56,9% dos lojistas apontaram as roupas como o produto com maior saída no Natal. A justificativa é simples: vende-se muito vestuário importado, o que não estimula a produção local. O setor têxtil mineiro gera atualmente 35 mil empregos e o de confecções outros 180 mil. Caso a demanda por produtos mineiros não aumente, a tendência é que parte desses funcionários sejam demitidos.
O Natal também ficou abaixo das projeções para a indústria do brinquedo. Era esperada uma alta de 18% nas encomendas. Porém, segundo o presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista da Costa, a alta foi de 11%. "Sei que o crescimento parece alto e dá a impressão de que estamos chorando de Àbarriga cheia". Mas essa é a principal data de vendas para o setor. Isso significa que há um planejamento prévio para o período. Se a expectativa é frustrada significa um prejuízo muito alto", afirma.
Os números foram melhores para as empresas que investiram em estratégias diferenciadas. o caso da Estrela. Segundo o diretor de Marketing, Aires Leal Fernandes, a fabricante de brinquedos conseguiu aumentar em 15% as vendas no período. Porém, para isso, eles lançaram 229 produtos, contrataram 300 promotores de vendas e aumentaram os aportes em publicidade em 20%.
O setor de joias também teve que mudar a estratégia de vendas para não fechar o Natal no vermelho. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Joalherias, Ourivesarias, Lapidações e Obras de Pedras Preciosas do Estado de Minas Gerais (Sindijoias-MG), Raymundo Viana, o percentual de ouro presente nas peças foi reduzido e outras pedras preciosas introduzidas. "Nós reduzimos o custo do produto para conseguir vender mais no período. Com a peça mais adequada ao mercado, acho que vamos sim conseguir fechar o Natal com bons resultados", afirma.
Já o segmento eletroeletrônico não teve a mesma sorte. Os únicos produtos que tiveram alta na demanda foram os tablets e os smartphones. Por causa deles, as encomendas tiveram uma alta de 6% frente ao ano passado. No entanto, esperava-se 10%, segundo o vice-presidente nacional e diretor regional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Ailton Ricaldoni.
Veículo: Diário do Comércio - MG