Com taxa básica esperada para dois dígitos, aplicações em renda fixa ficam mais atraentes, mas crédito pode sair caro
Pouco menos de um mês antes do Natal, analistas de mercado dão como certo um novo aumento na taxa básica de juro – que pode chegar a 10% amanhã, quando termina a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).
Apesar das aplicações em renda fixa ficarem mais atrativas para os poupadores, com a alta da taxa Selic, comprar no cartão de crédito, pedir empréstimo e financiamento aos bancos fica menos em conta, conforme o economista Álvaro Dezidério da Luz, do Grupo Somma Investimentos, de Florianópolis. O crédito mais caro exige atenção dos consumidores, sobretudo nas aquisições de longo prazo. Uma das alternativas para sentir menos o impacto da Selic a 10%, segundo Dezidério da Luz, é comprar à vista.
O juro alto é considerado um remédio amargo, mas serve para combater um mal ainda pior, a inflação. Depois de voar alto no primeiro semestre, e ultrapassar o teto da meta do governo (6,5%), o dragão perdeu altitude nos meses seguintes, mas voltou a assustar em outubro quando o preço dos alimentos ganhou força – um dos reflexos da alta do dólar, segundo o economista da Fecomercio-SC Maurício Mulinari.
– Além disso, existe há um certo tempo uma pressão por reajustes nos combustíveis. O governo tem segurado o aumento nos preços, mas quando ocorrer, haverá impacto forte na inflação – avalia João Ricardo Costa Filho, economista da consultoria Pezco Mycroanalysis.
Taxa deverá atingir dois dígitos
A dúvida maior agora é quanto à dosagem do remédio. Se confirmada, a Selic que hoje está em 9,5% chegará aos dois dígitos, a maior taxa desde janeiro de 2012.
O encarecimento do crédito demora de seis a nove meses, em média para ter efeitos mais fortes na economia, garantem especialistas. Então, a princípio, um aumento de juro isolado agora em novembro não acarretaria impactos na vendas de fim de ano. Mas conforme Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a decisão de compra de empresários e consumidores é influenciada por todo cenário econômico e, por isso, o comércio não deve ficar tão otimista para dezembro.
– O juro começou a subir em abril, então os efeitos já serão sentidos agora. Mas o que mais prejudica as vendas é a inflação. Com o preço dos alimentos mais alto, as pessoas compram menos eletrodomésticos e móveis – explica Bentes.
Veículo: Diário Catarinense