Agentes de mercado consultados pelo Banco Central estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro irá crescer apenas 1,8% em 2009. A projeção está indicada no boletim Focus - Relatório de Mercado, divulgado ontem pelo BC, o qual traz dados das expectativas coletados até a sexta-feira da semana passada. Trata-se da pior estimativa presente nos cinco boletins do BC já divulgados este ano. A projeção oficial do Banco Central, apontada no último "Relatório de Inflação", divulgado em dezembro, é de que o PIB irá crescer 3,2% em 2009. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, insiste em mirar em alta do PIB de 4% no ano.
O primeiro boletim Focus com de 2009 foi divulgado em dois de janeiro e apontava para um crescimento do PIB de 2,4% para este ano. Os resultados divulgados no início do ano foram elaborados com base nas projeções de mercado coletadas na última semana de 2008. Depois disso, outros três boletins semanais foram divulgados em janeiro pelo BC a partir das estimativas de mercado coletadas em 2009, e todos apontavam para uma projeção estável de crescimento do PIB em 2%. A piora das estimativas foi detectada somente neste mais recente boletim elaborado a partir dos dados apurados na semana passada.
Houve retração das expectativas também em relação ao comportamento da balança comercial, cuja projeção indica saldo positivo de US$ 14 bilhões, frente estimativa anterior de superávit de US$ 14,5 bilhões. A deterioração do cenário econômico não é apontada apenas pela redução das apostas dos analistas em relação ao crescimento do PIB e de enfraquecimento da balança comercial. Isso porque o mercado fez essas projeções considerando também como certa a queda da taxa Selic e inflação mais contida.
A nova estimativa para o juro básico é de taxa de 10,75% ao ano no final de 2009. Uma semana antes, a projeção era por Selic de 11% no fim do ano. Ou seja, na avaliação dos analistas de mercado consultados pelo BC, nem mesmo juro mais baixo conseguirá conter a redução do ritmo de atividade. A taxa de câmbio prevista para o fim de período é de R$ 2,30 por dólar, a mesma projeção da semana anterior. Da mesma forma, foi mantida estimativa de déficit em conta corrente de US$ 25 bilhões no ano. O mercado também não alterou a expectativa de que ocorra ingresso de US$ 23 bilhões em 2009 por meio de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED).
O cenário de mercado que aponta para produção e juros mais restritos envolve também índices de inflação mais baixos. A nova projeção de variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 4,6%; frente 4,64%, na semana anterior. Com isso, as expectativas do mercado se aproximam do centro da meta de inflação estabelecida pelo governo, de 4,5%.
Para o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), a nova aposta é por alta de 4,24% em 2009; contra projeção de 4,41%, conforme aponta no boletim anterior. Para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) foi mantida estimativa de alta de 4,49% no ano. E para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) manteve-se inalterada a projeção de alta de 4,5%. Também foi mantida a estimativa de variação de 5% nos preços administrados em 2009.
O boletim Focus traz também as projeções de mercado para 2010. As expectativas são por câmbio de R$ 2,29 por dólar no final do próximo ano, taxa Selic de 11,1% no final de período, crescimento do PIB de 3,8%, superávit na balança comercial de US$ 14 bilhões, IED em US$ 25 bilhões e déficit em conta corrente de US$ 30 bilhões. Para a inflação, as apostas são por índice de 4,5% para IPCA, IGP-DI, IGP-M e IPC-Fipe em 2009.
Veículo: Gazeta Mercantil