Alívio em tributo de setores como petróleo e máquinas pode acabar

Leia em 2min 40s

BRASÍLIA- O governo vai rever regimes especiais de tributação criados nos últimos anos para estimular o crescimento da economia. A grande maioria desses programas incluiu a suspensão de cobrança do PIS/Cofins no comércio de máquinas e equipamentos voltados para o desenvolvimento de setores específicos, como petróleo, portos e software. Mas, com a queda da arrecadação, dizem os técnicos da equipe econômica, esses incentivos precisam ser ajustados, como ocorreu com o programa de desoneração da folha de pagamento das empresas, para que possam ajudar a reforçar o caixa num momento difícil. Segundo integrantes do governo, muitos dos regimes especiais não trouxeram o retorno esperado em termos em emprego e crescimento.

— O governo quer recompor uma base de arrecadação que já existia para um benefício que não foi interessante para o país — disse um técnico do Ministério da Fazenda.

Entre os regimes na mira do governo estão o Repenec — voltado para o desenvolvimento da indústria petrolífera nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste —eo Reidi, destinado ao desenvolvimento da infraestrutura de transportes, portos, energia, saneamento e irrigação. Outros programas que podem ser revistos são o Repes, do setor de tecnologia da informação, e o Repetro, voltado para importação de bens para atividades de pesquisa e lavra de jazidas de petróleo e gás natural.

Com as mudanças, o governo espera ter uma ajuda para realizar a meta de superávit primário de 2016, fixada em 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Isso porque as dificuldades para fechar as contas não se limitam a 2015. A equipe econômica já sabe que terá que fazer mais cortes de despesas, o que deve afetar programas sociais, e também encontrar novas fontes de receitas para garantir o resultado de 2016.

— As revisões de incentivos de PIS/Cofins nos regimes especiais terão um efeito estruturante para 2016 — disse a fonte. — Não tem jeito. Ou corta despesa ou aumenta receita. O excesso de desonerações no passado provocou uma perda de receitas que estão fazendo falta agora.

Nas últimas semanas, representantes do Ministério da Fazenda e da Receita Federal têm feito sucessivas reuniões com setores industriais e instituições financeiras para discutir mudanças tributárias, entre elas, as dos regimes especiais. Segundo fontes do setor produtivo, a ideia da equipe econômica é preparar o terreno com os empresários para as medidas que serão anunciadas e que vão pesar no bolso da indústria.

A presidente Dilma Rousseff passou o fim de semana reunida com os ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para preparar o projeto de lei orçamentária de 2016, que precisa ser enviado ao Legislativo até 31 de agosto. Também será apresentado aos parlamentares o novo Plano Plurianual (PPA) 2016-2019, com os programas prioritários para o governo nesse período.

Segundo integrantes do governo, a proposta orçamentária de 2016 terá de trazer redução nas despesas e como não há margem para corte das discricionárias, o corte chegará às despesas obrigatórias.. Ou seja, o governo vai rever programas sociais, como já fez com o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), e atacar gastos da Previdência. Já entrou na discussão até a possibilidade de fixar uma idade mínima para aposentadoria. (MARTHA BECK)



Veículo: Jornal O Globo




Veja também

Exportações brasileiras para países do Brics caem puxadas pela China

                    ...

Veja mais
Brasil em situação frágil para enfrentar crise

                    ...

Veja mais
Consumidores esperam inflação de 10% em 12 meses a partir de agosto, diz FGV

                    ...

Veja mais
Empresas recorrem à gestão interina para enfrentar crise

O empresário Christian Bennecke, seu pai e avô já driblaram diferentes crises econômicas para ...

Veja mais
Nível de estoques é o maior em SP desde 2011

Depois de uma sinalização positiva de ajuste de estoques em julho, a proporção de empres&aac...

Veja mais
Estados pretendem alinhar as alíquotas do ICMS no diesel

O secretário de Fazenda do Mato Grosso (MS), Paulo Ricardo Brustolin, informou que os estados, que se reuniram on...

Veja mais
Demandas do setor produtivo são as mesmas há 20 anos

As demandas atuais da indústria mineira e nacional, que basicamente objetivam maior competitividade para o setor,...

Veja mais
Sartori apresenta à Assembleia projeto de aumento de impostos

                    ...

Veja mais
Mais 662 mil saem à procura de trabalho, e desemprego vai a 7,5%

Os que buscaram ocupação sem sucesso em julho foram 1,8 milhão, 9,4% acima dos de junho.Pesquisa fe...

Veja mais