Estimativas para produção industrial e IPCA estão melhores.
O mercado financeiro apresentou uma perspectiva um pouco mais otimista para praticamente toda a economia brasileira neste e no próximo ano, ainda que os indicadores sejam relativamente ruins, como taxas projetadas para a inflação ainda acima da meta do governo e rombo da conta corrente. A exceção continua a ser o ritmo previsto para a atividade, que deve ter uma recessão ainda mais acentuada do que a imaginada anteriormente.
O Relatório de Mercado Focus divulgado ontem pelo Banco Central revelou que a expectativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016 foi acentuada de 3,60% para 3,66%. E a recuperação projetada para o ano que vem perdeu a intensidade, passando de 0,44% para 0,35%. O levantamento realizado pelo BC toda semana é feito com base na participação de cerca de 120 instituições financeiras.
De resto, houve melhora das expectativas, em especial no campo do setor externo, que passa por um forte período de transição neste momento, e da inflação. Até a produção industrial, um dos principais fatores a puxar as estimativas do PIB para baixo, mostrou certo alento, com a previsão de queda de 4,40% este ano ante 4,50% da semana passada. Para 2017, o grau previsto para a retomada foi ampliado de 0,57% para 0,85%.
Sobre o comportamento dos preços, o documento mostrou a terceira semana seguida de baixa das projeções. Para 2016, a previsão cedeu de 7,43% para 7,31%. Apesar da queda, a estimativa do mercado ainda é muito maior do que o teto que o BC não pode extrapolar este ano, de 6,50%. Para 2017, a previsão seguiu inalterada em 6% pela sétima semana consecutiva, exatamente no limite superior perseguido pela autoridade monetária.
No caso das instituições de elite, as que apresentam as estimativas que depois são confirmadas como as mais próximas da realidade, a previsão para o IPCA deste ano passou de 7,46% para 7,18% e a de 2017 ficou congelada em 6,20%. Este mesmo grupo, denominado Top 5, aumentou a expectativa para a taxa de juros, para 14,25% ao ano ao final deste ano, retirando do quadro alguma possibilidade de baixa da Selic ainda em 2016. Já para o ano que vem, a previsão caiu de 12,50% para 12,00% ao ano. Na pesquisa geral, houve estabilidade das projeções, em 14,25% para este ano e 12,50% para o próximo.
Externo - Partiram do setor externo as mudanças mais radicais da pesquisa Focus desta semana. A previsão para a cotação do dólar recuou de R$ 4,20 para R$ 4,15 ao final do ano e de R$ 4,30 para R$ 4,20 no encerramento de 2017. Para a balança comercial, a expectativa de superávit subiu de US$ 42,40 bilhões para US$ 43,53 bilhões este ano e de US$ 46,90 bilhões para US$ 47,50 bilhões no caso de 2017.
Essa melhora da balança ajudou a reduzir a estimativa para o rombo das transações correntes. Este ano, o déficit deve ser de US$ 20,45 bilhões e não mais de US$ 21,21 bilhões como o projetado na semana passada. Ao mesmo tempo, a expectativa para 2017 foi reduzida de US$ 19 bilhões para US$ 18,20 bilhões.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG