São Paulo - O momento de instabilidade na política afetou diretamente o Índice de Confiança do Consumidor da cidade de São Paulo em setembro. Diante do risco iminente de um novo processo contra Michel Temer, o ICC recuou de 101,5 pontos para 99,7 pontos, registrando pessimismo pela primeira vez desde julho de 2016.
"O País está com certo receio do que vai acontecer. O cenário é muito obscuro por conta dessa questão política. Tem todo um ciclo de apreensão. Mas, mantendo esse cenário de política econômica estável, esse indicador tende a crescer no médio e longo prazo", alerta o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Guilherme Dietze.
A segunda queda consecutiva no indicador da entidade denota a influência exercida pela instável passagem do presidente Michel Temer para os consumidores. Se o ICC em janeiro de 2016, com o País vivendo o processo de impeachment de Dilma Rousseff, não chegava sequer a margem dos 90 pontos, com Temer ele já alcançou 113,8 pontos em fevereiro de 2017. Desde então, escândalos e inquéritos envolvendo o presidente e seus aliados fizeram o índice perder força. Agora, entre altos e baixos, o ICC atinge seu pior nível na gestão atual. (veja mais no gráfico.)
Clima de insegurança
De acordo com os dados do ICC, o nível de descrença atinge mais os consumidores que recebem abaixo de 10 salários mínimos. Nesse nicho, o índice recuou 4,2 pontos percentuais (p.p.) na passagem entre setembro e agosto; caindo de 97,8 para 93,6 pontos. "Há uma contaminação na política e isso impacta a avaliação de cada consumidor. Vemos que quem está mais inseguro e tem mais chance de perder o emprego tende a se preocupar mais. Historicamente as mulheres também têm um otimismo menor", comenta. Dentre o público feminino, o índice registrou 96,7 pontos em setembro, avanço de 2,8 p.p. em relação ao mês de agosto.
Na comparação anual, o ICC apresentou decréscimo de 6,8% em relação a setembro de 2016, quando o indicador registrava 107 pontos. Embora esteja em declínio, Dietze acredita que o índice tende a retomar as margens, impulsionado por fatores como os cortes na taxa de juros, queda da inflação e, sobretudo, pela retomada dos empregos. "Tivemos dados positivos no primeiro semestre, mas o emprego ainda estava negativo. Agora, com essa retomada na geração de vagas, mais pessoas terão dinheiro disponível para comprar. Com mais vendas, tem mais contratação. Isso deve interferir positivamente nos índices", conjectura Dietze.
Fora o ICC, o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) também foi afetado pela instabilidade política, passando de 122,9 para 119,4 pontos entre agosto e setembro. Na comparação anual, todos os segmentos caíram acima de 10%; na mensal, somente o item 'mulheres' avançou: 0,6%.
Fonte: DCI São Paulo