Mercado projeta inflação em queda e juros podem cair

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Com a queda consecutiva por quatro semanas nas projeções do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), que reajusta o valor do aluguel e de algumas tarifas públicas, o mercado financeiro registrou esta semana no Boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC) mais um recuo na previsão para o índice ao passar de 0,44% para 0,30% de uma semana para a outra. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), na segunda prévia de julho, o índice teve queda de 0,27%. No ano, o índice acumula queda de 1,51%.

 

O efeito que pode ocorrer em razão desta queda é uma nova redução na taxa de juros, Selic, argumentaram os professores entrevistados pelo DCI. "Temos espaço para um novo corte de juros, uma vez que a inflação está controlada e aceitável diante da meta do governo", disse Mauro Calil, professor do Centro de Estudos Calil & Calil. "Os efeitos dessa queda são um novo corte de juros, que pode variar entre 0,25% até 0,5% da Selic, até o final do ano", completou Douglas Pinheiro, professor das Faculdades Integradas Rio Branco.

 

Para Calil, a principal causa para a queda no IGP-M é a insegurança dos consumidores diante das conseqüências da crise. "A demanda diminuiu, apesar do aumento do crédito no mercado. O fato é: as pessoas estão com medo de se endividar, elas preferem segurar o dinheiro para depois consumir", explicou.

 

O professor Pinheiro, afirma ainda que o recuo do IGP-M é positivo. "A inflação está sob controle, as pessoas estão segurando o consumo, isto é muito bom. Além do que o dólar está baixo e também ajuda a controlar a inflação", afirmou o especialista.

 

Contudo, o IGP-M é o índice mais utilizado como indexador nos reajustes contratuais de aluguel, dos financiamentos imobiliários e dos consórcios, e as empresas públicas e os proprietários de imóveis podem iniciar uma tendência de alteração ou inexistência do indexador .

 

Quando questionado o professor de direito administrativo da FGV, Carlos Ari Sundfeld afirmou que isso realmente pode acontecer. No entanto, deve haver um acordo entre as partes e uma razão comprovada para a eliminação ou mudança do indexador.

 

"Os contratos de concessão tem cláusulas de reajustes, não existe uma situação uniforme. Para mudar o índice de reajuste, é preciso concordância das partes e é uma forte justificativa. O IGP-M é vinculado ao dólar, para mudar é preciso que se estude as razões da mudança, para isto, é necessário se fazer um estudo econômico. Em tese é possível mudar, desde que haja fundamentação forte e acordo entre as partes", esclareceu Sundfeld.

 

A pesquisa Focus mostra que a mediana das estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2009 seguiu em 4,53%, acima do centro da meta de inflação para o ano, de 4,50%. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC - Fipe), aumentou de 4,11% para 4,16%. Para 2010, a estimativa segue em 4,50% pela 51ª semana seguida. O IGP-DI passou de 0,90% para 0,50%, na sua sexta queda seguida.

 

A retração da economia no ano deve ser liderada, na avaliação do mercado, pela produção industrial. Na visão dos analistas, esse setor deve ter contração de 6,29% em 2009, contra a previsão anterior de queda de 6,09%. Essa também foi a sexta piora seguida da projeção, que há um mês estava em queda de 5,04%.

 

No levantamento do BC, a mediana das previsões para o valor da moeda norte-americana no fim de 2009 seguiu em R$ 1,95. Há um mês, essa previsão era de R$ 2. Enquanto a balança comercial elevou sua expectativa ao passar de US$ 22,9 bilhões para US$ 23 bilhões, no mesmo período.

 

Calil e Pinheiro concordaram, entretanto, que o dólar, até o final de 2009, ficará nos R$ 2 , mas chegará aos R$ 1,78, e a balança comercial será de US$ 20 bilhões .

 

Veículo: DCI


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