Indústria de alimentos deixa a cautela de lado e investe

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Animada pela recuperação da economia nacional, a indústria de alimentos começa a tirar os investimentos do papel a fim de aumentar a produção e adquirir novos equipamentos, depois de reter os recursos no primeiro semestre deste ano.

 

A indústria nacional de alimentos deve investir ao todo R$ 10 bilhões, em 2009. É uma queda de 28% na comparação com os R$ 14 bilhões registrados em 2008 - segundo as expectativas do diretor do departamento econômico da Associação Brasileira das indústria de Alimentação (ABIA), Denis Ribeiro. Tais recursos podem ser aplicados em aumento da capacidade de produção, ações de marketing, distribuição, aquisições de máquinas e pesquisas de novos produtos.

 

"Acho que R$ 10 bilhões não estão fora do propósito", disse. O recuo nas decisões de investimentos decorre das previsões pessimistas dos empresários em relação à recuperação da economia no primeiro semestre de 2009.

 

Um exemplo dessa retomada é a Fibrasa S.A. Embalagens, especializada no setor alimentos e que prevê investir R$ 20 milhões na aquisição de novos equipamentos de até dezembro. A intenção é aumentar em 10% a produção de embalagens, informou o presidente da empresa, Sérgio Rogério de Castro.

 

A produção de embalagens tem forte correlação com a de alimentos, que são produzidos e depois embalados. No primeiro semestre, a produção nacional de alimentos caiu 0,54% em relação à de igual etapa de 2008 - segundo dados da ABIA.

 

O presidente da Fibrasa admite que a empresa investiu no primeiro semestre apenas 20% dos R$ 20 milhões previstos. Ou seja, foram aplicados R$ 4 milhões, e a empresa prometeu completar os R$ 20 milhões a serem investidos este semestre. O cenário de pessimismo econômico interferiu na produção da Fibrasa, que este ano deverá repetir os volumes de 2008: entre 5 e 6 mil toneladas de embalagens. O faturamento deverá atingir R$ 120 milhões, 1% a mais que os R$ 115 milhões no ano passado. Ele atribuiu a estabilidade do resultado da empresa ao cenário econômico estável de janeiro a junho de 2009.

 

Com sede na cidade de Eusébio, Ceará, o grupo M. Dias Branco - indústria de alimentos que fabrica, comercializa e distribui biscoitos, massas, farinha de trigo, margarinas e gorduras vegetais - também demonstra otimismo com a recuperação da economia. O diretor de Investimentos e de Relação com Investidores do grupo, Álvaro de Paula, vê uma melhora da economia nacional, embora assegure que o resultado financeiro da empresa de janeiro a junho de 2009 "não" refletiu o efeito da crise econômica mundial. Isso porque a companhia - detentora de marcas como a Adria - produz produtos de primeira necessidade destinados à demanda interna que sofreu menos do que a internacional, desde o agravamento da crise mundial. A empresa prevê investir R$ 63 milhões entre o segundo semestre deste ano e o primeiro de 2010 (10% já foram aplicados) - recursos que serão aplicados, por exemplo, no aumento (de 138 toneladas) da capacidade de produção do moinho da Paraíba até o fim deste ano. O moinho processa 1,050 mil toneladas de matéria-prima para fabricação de massa. O grupo estuda fazer novas aquisições . O alvo são grandes fabricantes de bolachas, massas e barrinhas de cereais principalmente das Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. No primeiro semestre de 2008, o grupo investiu R$ 40 milhões em novas linhas de montagem, o que contribuiu para elevar em 60 mil toneladas a produção de alimentos no período - para 921 mil toneladas.

 

A torrefadora Café do Centro, especializada em café gourmet, vai retomar os investimentos este semestre. Serão aplicados R$ 200 mil na compra de máquinas empacotadoras de café.

 

Veículo: DCI


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