Dados da Associação Comercial de São Paulo mostram diminuição no número de falência de estabelecimentos comerciais com menos de cinco anos de atividade, na comparação entre os oito primeiros meses de 2007 e deste ano
No último ano, o número de falências decretadas caiu 34,38% entre as empresas com até cinco anos de vida. De janeiro e agosto de 2007, 32 empresas foram obrigadas pela Justiça a fechar as portas, informa a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Já no mesmo período deste ano, isso aconteceu com apenas 21 estabelecimentos.
A diminuição do número de falências pôde ser observada entre negócios de todas as idades. “Porém, entre os mais novos, a diminuição das falências decretadas merece destaque, pois as empresas mais jovens são as menos preparadas e costumam apresentar mais dificuldades financeiras”, afirma o economista Marcel Solimeo, da ACSP.
O bom momento da economia ajudou os novatos a ganharem fôlego. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil cresceu 6% no segundo trimestre de 2008.
“Quando o mercado está em depressão, os negócios mais frágeis, fatalmente, acabam sucumbindo”, afirma Marcelo Aurélio Bede, gerente de pesquisas do Sebrae, o serviço de apoio a pequenas empresas. “Agora quando a economia está aquecida, mesmo as empresas que não são tão competitivas assim acabam encontrando menos dificuldades para atrair clientes.”
Outra explicação para queda no número de falências está na nova legislação sobre o tema, que entrou em vigor em junho de 2005. Antes da Lei 7.661 ser aprovada, o pedido de falência funcionava como uma espécie de chantagem contra o devedor. O empresário que estivesse em débito com um fornecedor era intimado a efetuar o depósito da quantia reclamada ou apresentar defesa em 24 horas, sob pena de ter a quebra decretada.
Agora, a Justiça estabelece o limite mínimo de 40 salários mínimos (R$ 16,6 mil) para o credor pedir a quebra do devedor. “Hoje, as falências decretadas são frutos de decisões muito mais criteriosas”, afirma Solimeo, da ACSP. “A empresa tem várias chances de se recuperar até chegar ao ponto de ser obrigada a fechar as portas.”
O acesso ao crédito também ajudou. “Os financiamentos a micro e pequenas empresas cresceram muito no último ano”, observa Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa. “E com a possibilidade de pedir um empréstimo, o empresário ganha a chance de manter sua empresa funcionando até que o investimento na abertura do negócio possa ser recuperado e a loja passe a dar lucro.”
Neste ano, 163 empresas tiveram falência decretada. Quase a metade delas - 78 lojas - era formada por estabelecimentos comerciais. “A falta de planejamento para abertura do negócio e o despreparo técnico dos empresários são as principais causas de mortalidade das empresas”, informa Bede. Dados do Sebrae mostram que metade das empresas ainda fecham as portas até o quinto ano de vida - seja por ter a falência decretada ou simplesmente porque o negócio não deu certo.
PARA NÃO ERRAR
Antes de montar um negócio, é preciso pesquisar o mercado
Verifique se na região que você vai trabalhar haverá demanda
suficiente para, em um primeiro momento, cobrir as despesas
iniciais e, no futuro, dar lucro
Analise também a concorrência
Veja se os recursos de que você dispõe são suficientes para
custear as despesas da empresa até que ela dê retorno
Evite recorrer a empréstimos. Com a perspectiva de alta dos
juros, o crédito ficará caro
Monte um planejamento financeiro e certifique-se de que você terá sempre o controle do caixa da sua empresa
Ao dominar as informações do negócio, além de evitar surpresas, você também consegue planejar melhor a gestão do estoque
Veículo: Jornal da Tarde