Mais do que tecnologia ou ganho de tempo, o que os consumidores dos grandes centros do Sul e Sudeste do país desejam é um produto que seja mais natural e que, de alguma maneira, melhore a sua saúde. Esses dois atributos só perdem para a boa relação custo-benefício, segundo pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência, com 3 mil consumidores das classes A, B e C das capitais São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba, para identificar o que mais atrai na decisão de compra.
Foram pesquisadas opiniões acerca de 36 categorias, dos segmentos de beleza e higiene pessoal, alimentos e cuidados com o lar. O levantamento foi feito a pedido da consultoria em marketing Produto do Ano (PDA), com sede na França, que abriu filial no Brasil no ano passado, quando começou a realizar a pesquisa no país. "A preocupação com a saúde é típica dos brasileiros, diferentemente dos europeus e americanos, que privilegiam o ganho de tempo", diz o português Antonio Peres, presidente mundial da PDA. A consultoria está presente em 38 países e divulga o estudo anualmente em 12 línguas.
Segundo Peres, a menor preocupação do brasileiro com o ganho de tempo pode estar relacionada ao fato de que, no país, as classes mais altas contam com auxiliares para o lar. "Na Europa, isso é uma prática um pouco ultrapassada ou muito cara", diz.
O interesse pelo que é saudável, no entanto, pode revelar algumas contradições. Em alimentos, por exemplo, os dois produtos mais inovadores são um achocolatado em pó (Toddyferente) e um bombom (Serenata de Amor Mousse de Chocolate). Não por acaso, uma pesquisa do Ministério da Saúde divulgada semana passada revelou que o Índice de Massa Corporal (IMC) do brasileiro vem aumentando, ou seja, ele está mais gordo.
"O consumidor quer alimentos mais saudáveis, mas a indústria ainda trabalha para oferecê-los sem perda em sabor", diz Peres. Como exemplo de que é possível resolver essa equação, o executivo cita a oferta de chocolate com alto teor de cacau e maior concentração de flavonóides, responsáveis por neutralizar os radicais livres. "O consumo desse produto vem aumentando", diz.
Segundo Peres, no mercado de consumo, o processo de inovação é evolutivo, não de ruptura, como na área de tecnologia de informação. "Temos aparelhos de barbear que agridem cada vez menos a pele, algo bem distante da realidade de 10 ou 15 anos atrás, quando o homem tinha a pele cheia de cortes e inflamada", afirma. Três produtos da marca Gillette, da Procter & Gamble, estão entre os premiados. A P&G, por sinal, foi a empresa com o maior número de produtos indicados (11), envolvendo as marcas Koleston, Always, Ariel, Pringles, Pantene e Gillette. Os vencedores em cada categoria do PDA 2009 serão conhecidos em premiação em 2 de dezembro.
Veículo: Valor Econômico