Aquisição da fabricante de genéricos por cerca de R$ 1,2 bilhão deve ser assinada esta semana
A Hypermarcas está perto de anunciar a compra do laboratório Neo Química, de Goiás, especializado na fabricação de medicamentos genéricos e similares. O negócio, que deve ser anunciado esta semana, está estimado em cerca de R$ 1,2 bilhão - metade será paga em dinheiro e a outra metade em ações da Hypermarcas. Com a aquisição, a Hypermarcas, que já é líder na venda de medicamentos sem prescrição médica no País, ganha também uma parte importante do mercado de medicamentos genéricos e similares: o Neo Química é o quinto desse setor no Brasil.
O laboratório goiano vinha negociando há cerca de oito meses sua venda para a multinacional americana Pfizer. Mas, segundo fontes ligadas ao negócio, algumas divergências acabaram esfriando as conversas. Em novembro, a Hypermarcas entrou na disputa, e acabou levando vantagem por oferecer aos controladores do laboratório - a família Limírio Gonçalves - a possibilidade de se tornarem os gestores do negócio farmacêutico do grupo. Procuradas, a Hypermarcas, a Neo Química e a Pfizer não comentaram o assunto.
A Hypermarcas ganhou relevância no mercado de medicamentos com a aquisição, em junho do ano passado, do Farmasa, laboratório especializado em medicamentos sem prescrição médica, dono de marcas como Rinosoro e Lisador, em um negócio de R$ 874 milhões. Um ano antes, já havia comprado, por R$ 1,2 bilhão, a DM Farmacêutica, dona de marcas como Gelol e Doril. Com a Neo Química, a expectativa da Hypermarcas é se tornar a terceira maior empresa farmacêutica do País.
Pelo acordo, Marcelo Limírio Gonçalves Filho, um dos sócios do Neo Química, será o presidente executivo da área de medicamentos da Hypermarcas. Os cerca de R$ 600 milhões que serão pagos aos controladores do laboratório goiano serão parcelados em três anos. Nas negociações, o Neo Química vem sendo assessorado pelo Banco Safra e pelo escritório de advocacia Machado, Meyer, Sendacz e Opice e a Hypermarcas tem a assessoria do escritório Souza, Cescon, Barrieu & Flesch.
Fundado em 1959 no Rio, o Neo Química foi adquirido pela família Limírio Gonçalves em 1979. Depois de se mudar para Belo Horizonte e São Paulo, o laboratório acabou se fixando, no final da década de 80, no Distrito Industrial de Anápolis (GO). Em 1999, a empresa foi a terceira do País a receber a autorização para a fabricação de medicamentos genéricos.
Este ano, a empresa inaugurou uma nova fábrica, que lhe permitiu elevar sua capacidade de produção de 3,6 bilhões para 8,5 bilhões de comprimidos por ano. A Hypermarcas tem a previsão de obter sinergias significativas com o negócio, que deve incluir a transferência da principal fábrica do grupo, em Barueri (SP), para Anápolis.
A compra do Neo Química será mais uma na impressionante escalada de aquisições que vem sendo empreendida pela Hypermarcas nos últimos anos. Fundada em 2002 pelo empresário João Alves de Queiroz Filho, após a aquisição da Prátika Industrial - fabricante da lã de aço Assolan -, o grupo se tornou um gigante dos bens de consumo. Apenas nos últimos dois anos, comprou, além da DM Farmacêutica e da Farmasa, a Bozzano (US$ 104 milhões), a Niasi (R$ 366 milhões), os preservativos Jontex e Olla (R$ 300 milhões) e as fraldas Pom Pom (R$ 300 milhões), além de outros negócios menores.
Veículo: O Estado de S.Paulo