O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmou as expectativas e divulgou na quinta-feira um novo quadro de oferta e demanda de grãos no país e no mundo nesta safra 2009/10 com poucas novidades. É normal a falta de emoções nos relatórios de dezembro do órgão, já que a colheita no Hemisfério Norte está quase no fim e o plantio no Hemisfério Sul está em andamento.
Para a soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, os pequenos ajustes promovidos pelo USDA no quadro global resultaram em uma redução de 300 mil toneladas na projeção para os estoques finais em relação ao número apresentado em novembro. Os estoques agora estão estimados em 57,09 milhões de toneladas, ainda 34,6% maior que o de 2008/09.
O Brasil foi contemplado com uma redução de 200 mil toneladas na previsão para as exportações, estimadas em 23,75 milhões de toneladas. Para as importações da China, o USDA ampliou sua projeção em 500 mil toneladas, para 41 milhões de toneladas. As perspectivas de mercado apontam para uma retomada das importações chinesas neste mês de dezembro, que devem garantir um volume recorde em 2009.
A mesma sonolência provocada pelo relatório do USDA no mercado de soja também contaminou a área de milho. No quadro mundial de oferta e demanda, alterações ainda mais modestas que no caso da soja, com "destaque" para uma imperceptível elevação nos estoques finais americanos. Para o Brasil, o órgão do governo americano, que tem status de ministério, manteve as previsões para produção e exportações em 51 milhões e 9 milhões de toneladas, respectivamente.
A carência de novidades foi menos sentida no novo cenário global do trigo, porque o USDA elevou sua projeção para os estoques finais globais do cereal em 2009/10. Em relação à previsão de novembro, o aumento foi de 1,4%, para 190,91 milhões de toneladas. Dessa diferença, 410 mil toneladas são nos EUA, o que chamou a atenção do mercado.
Para o Brasil, o departamento manteve a projeção de importações em 6,5 milhões de toneladas, o que mantém o país na liderança global neste ranking.
A "mesmice" do USDA foi incapaz de provocar grandes alterações nos preços dos grãos. A soja para março caiu modestos 2 centavos e fechou a US$ 10,35 por bushel. Os preços do trigo terminam o dia em alta de 1,75 centavos a US$ 5,37 por bushel. O mercado chegou a operar em queda com a previsão de estoques maiores, mas fundos reverteram a tendência.
Os preços do milho foram influenciados por especulações relativas às perdas que a neve e o vento teriam causado nas lavouras do Meio-Oeste. Os contratos para março fecharam a US$ 3,93 por bushel, alta de 9,5 centavos.
Veículo: Valor Econômico