Demanda elevada e boa remuneração incentivam o cultivo no Estado
Sofisticadas, saudáveis e saborosas. Pequenas frutas como o mirtilo, a amora e a framboesa conquistaram o paladar dos consumidores brasileiros, levando a produção gaúcha a um incremento médio de 25% ao ano nos últimos dois anos. Aliada à alta demanda, que tem feito com que muitos produtores exportem para outros estados, está a oportunidade de cultivar espécies que costumam dar boa rentabilidade aos agricultores. No caso da amora é possível lucrar até R$ 15 mil por hectare, já a framboesa e o mirtilo rendem, cada um, cerca de R$ 70 mil por hectare. "Se compararmos com a uva, por exemplo, que rende cerca de R$ 12 mil por hectare, vale muito a pena cultivar essas frutas", afirma o agrônomo da Emater-RS, Eduardo Pagot.
A procura é tanta que a produção de mirtilo deve dobrar a partir de 2010, em função da entrada de novos pomares em produção. Atualmente, na região de Vacaria, onde se concentra a maior parte da produção do País, são cultivadas, ao ano, 600 toneladas de amora, 80 toneladas de framboesa e 70 toneladas de mirtilo, cujos pomares ocupam uma área de cerca de 100 hectares. Em uma comparação dos preços de venda ao consumidor, enquanto que pelo morango são pagos, em média, R$ 2,50 pelo quilo, para o mirtilo esse valor chega, em muitos casos, a R$ 10,00.
Os valores se mantêm altos pelo fato de essas frutas ainda serem consideradas raras, não podendo ser cultivadas em qualquer região e por apresentarem manejo complicado e que exige muita mão de obra. Os custos de produção são elevados, pois são frutas muito delicadas, que exigem muitos cuidados na colheita, além de serem muito suscetíveis a doenças. "É preciso dez pessoas para colher um hectare de framboesa", informa Pagot. No caso do mirtilo, a boa aceitação se deve especialmente às propriedades nutracêuticas, em função do alto nível de flavonóides, com capacidade antioxidante e da indicação do produto para prevenção do câncer. "É a fruta da longevidade, que tem grande potencial de consumo ainda não explorado."
Além da grande demanda do mercado interno, de estados como Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Goiás, os técnicos já têm recebido propostas para o envio das frutas para o exterior. Pagot conta que j´pa recebeu e-mail do Reino Unido de um interessado na compra de 10 toneladas por dia de amora e mirtilo. "Mas, infelizmente, ainda não temos essa produção", lamenta Pagot. Em função do interesse do mercado externo, os produtores têm se mobilizado no sentido de uma maior organização da produção para o mercado externo.
Os primeiros passos já estão sendo dados, com a compra de câmaras frias e a implantação de sistemas para embalagem. "O consumo tem crescido muito nos Estados Unidos no Canadá, não podemos perder esses mercados." O presidente da Associação dos Produtores de Pequenas Frutas de Vacaria (Appefrutas), Jair Vargas, conta que 98% da produção dessas frutas vai para a indústria, para a produção de polpa, sucos e corantes. Hoje são 120 produtores trabalhando junto com a associação, que considera o cultivo dessas frutas como uma ótima alternativa para os agricultores familiares.
Veículo: Jornal do Comércio - RS