Farmacêutica: Matriz do grupo aprovou aporte de € 100 milhões para compra de laboratório e de produtos
Depois de três anos de reestruturação, o laboratório farmacêutico italiano Zambon decidiu que é hora de investir. "A matriz aprovou fazer aquisições fora da Itália, com investimentos focados para os países emergentes", afirmou Wilson Borges, presidente da companhia no Brasil.
O grupo deverá investir € 100 milhões no Brasil, com aquisição de um laboratório de médio porte e de produtos. Parcerias também serão bem-vindas. Uma delas foi fechada em maio, com o laboratório Boheringer, que tinha grande capacidade ociosa em sua fábrica em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. "Fechamos a nossa fábrica [instalada em Vila Vera, na capital paulista] e alugamos espaço na fábrica da Boheringer, onde fabricamos dois produtos. O restante, terceirizamos a produção para a própria Boheringer e também em outros laboratórios", disse Borges.
A decisão de fechar a fábrica no Brasil foi tomada porque a Zambon não tinha como ampliar a unidade porque ela estava instalada em perímetro urbano. "A unidade precisava de pesados investimentos para modernização", afirmou. Em maio, as instalações e terreno da fábrica foram vendidos e a Zambon migrou sua produção para Itapecerica.
Os planos de ter uma fábrica própria poderão ser concretizados com a compra de um laboratório no país, afirmou Borges. Nesse sentido, o grupo já está em conversações, mas ainda não bateu o martelo. "Os ativos no Brasil tornaram-se muito caros, mesmo para empresas de médio porte", explicou.
De fato, os recentes movimentos de concentração no setor farmacêutico - a francesa Sanofi-Aventis adquiriu a Medley e a Hypermarcas comprou a nacional Neo Química, só para lembrar os dois últimos casos - têm se acentuado no país. "A matriz decidiu que não quer fazer aquisições de 'blockbusters' [medicamentos campeões de venda], mas em áreas nas quais já atua e com possibilidade de expansão", disse. Os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) estão no radar para receber investimentos da companhia italiana. "O Brasil é a bola da vez. Outros países do Bric também são importantes. No entanto, os preços médios de medicamentos lá ainda são baixos."
Um dos carros-chefes da companhia é o xarope expectorante Fluimucil para bronquite. O produto é um dos líderes em prescrição em sua categoria. O avanço dos genéricos fez o produtor perder participação no mercado.
Com um faturamento de cerca de € 500 milhões, a Zambon, que atua na área de doenças respiratórias, dor/inflamação e saúde feminina, quer se aperfeiçoar nesses segmentos. "A Zambon está em processo de evolução. Embora seja uma multinacional, a empresa não é global. Agora, o grupo decidiu se internacionalizar por meio de aquisições locais."
Fundada há 102 anos, a família controladora do grupo contratou o executivo Roberto Consonni (ex-Lavazza e Unilever) para ser o principal executivo da companhia. "Ele tem uma ótima visão de mercado e está imprimindo uma nova dinâmica para o grupo", disse Borges.
No Brasil, o grupo quer dobrar de tamanho em até três anos. Parcerias para desenvolver medicamentos podem ser a saída para expansão. Na Itália, o grupo se uniu à Indena para medicamentos fitoterápicos. O grupo pretende fazer o mesmo no país e já busca acordos nesse sentido.
Veículo: Valor Econômico