Classe C e até a crise fazem Gomes da Costa crescer 30%

Leia em 4min

Líder em pescados enlatados bate recorde de faturamento com aumento na renda de seus principais consumidores

 

A expansão do consumo na classe C e até a crise financeira deram um forte empurrão de 29,5% no faturamento da Gomes da Costa (GDC), líder no mercado brasileiro de pescados enlatados. O crescimento do mercado e a remarcação de preços levou a empresa a uma receita recorde de R$ 451 milhões em 2009, ante R$ 350 milhões em 2008. Em volume, o crescimento foi de 13%, atingindo 36 mil toneladas de conservas. “Em tempos de crise, as pessoas ficam mais em casa e comem mais enlatados”, diz o presidente da GDC, Alberto Encinas.

 

Esse crescimento nas vendas não se justifica apenas porque os consumidores tradicionais comeram mais sardinha e atum em 2009. “Estamos vendo uma tendência irreversível de crescimento da base de consumidores”, diz Encinas. A explicação está no aumento da renda e ascensão à classe C. No Norte e no Nordeste, o crescimento da GDC ficou entre 40% e 45%, bem acima da média nacional.

 

Além do crescimento do volume vendido, a GDC ampliou o faturamento porque conseguiu repassar o aumento dos preços dos pescados e do aço registrado em 2008. “Nossas margens melhoraram também porque aumentamos as vendas e a economia de escala atuou a nosso favor”, detalha Encinas.

 

De acordo com o executivo, há ainda a preocupação com a saúde, já que o peixe é associados a umestilo de vida saudável.

 

O brasileiro consome em média sete quilos de pescados por ano, menos da metade do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O objetivo do recém-criado Ministério da Aquicultura e Pesca é elevar o consumo anual para nove quilos por habitante até 2011.

 

Pequenos consumidores

 

Para ampliar significativamente o consumo per capita de pescados no Brasil, no entanto, não basta apenas vendermais sardinha e atum para a classe C. “É preciso introduzir o pescado na dieta das crianças”, afirma opresidente da GDC. A estratégia para colocar mais peixes na mesa dos pequenos consumidores foi lançar empanados congelados de merluza, em um nicho dominado pela carne de frango - os nuggets.

 

Inovação

 

Em 2010, a companhia vai lançar ainda pratos prontos de pescados. “Nosso foco é a linha de inovação que melhore a praticidadedo consumo”, explica Encinas. A meta da GDC é que os produtos com menos de dois anos representem 15% do faturamento já em 2010.

 

Neste ano, Encinas acredita que a empresa crescerá em um ritmo mais lento, até pela base de comparação (2009) já ser grande. Ainda assim, o crescimento esperado no faturamento levará a empresa para perto de meio bilhão de reais.

 

E a competição de empresas menores que a Coqueiro — da Pepsico—não o assusta. Sua segurança está na embalagem: “A compra de um enlatado é um ato de confiança, porque o consumidor não vê o produto”.

 

Primeiras latas brasileiras chegam à Síria

 

Apesar de o desempenho da Gomes da Costa em 2009 ter sido puxado pelo mercado interno, a companhia continuou investindo na abertura de novos mercados no exterior. No mês de dezembro chegou à Síria a primeira remessa de pescados enlatados da marca, com 133 mil latas, sendo 80% sardinha e 20% atum. “É a primeira exportação brasileira desses produtos para a Síria”, diz o diretor comercial internacional, Dario Chemerinski. A expectativa é que o Oriente Médio represente 20% das exportações da companhia em 2010. Além da Síria, em 2009 foram fechados contratos com Iraque, Líbia e Líbano. “Os países da região estão entre os maiores consumidores per capita de pescados enlatados”, explica o executivo. Para crescer mais no Oriente Médio, a Gomes da Costa participa no mês que vem da Gulfood, a maior feira de alimentos da região do Golfo Pérsico, em Dubai. No ano passado, o total embarcado para o exterior pela companhia foi de R$ 27 milhões. O valor representa apenas 6% do faturamento da GDC, até por conta da grande demanda interna por seus produtos. No mais, a crise internacional refreou a expansão do comércio internacional de pescados, ao contrário do mercado local, que continuou crescendo em preço e em volume. Se as vendas gerais da empresa cresceram 13% em volume no anopassado, as vendas no mercado brasileiroavançaram 18%, respondendo por praticamente todo o aumento. L.S.

 


Veículo: Brasil Econômico


Veja também

Carrinho do Walmart fica mais verde

Nos próximos dias, os clientes que fizerem compras nas lojas Walmart vão encontrar em destaque nas gô...

Veja mais
Nestlé volta a investir em alimentos nutritivos e lança bebida para idosos

A Nestlé vai começar a vender bebidas para combater a desnutrição entre idosos, em um esfor&...

Veja mais
Grãos com sotaque

Enquanto o Nordeste emagreceu as vendas externas de uva, o Brasil encorpou as importações da fruta em 2009...

Veja mais
Venha correndo, Marabraz

Rede popular de móveis quer fazer da marca Mappin a sua porta de entrada junto ao público das classes A e ...

Veja mais
Carrefour planeja investir R$ 2,5 bi em dois anos

As três gigantes do setor de supermercados planejam investimentos recordes para este ano, com a maior parte dos re...

Veja mais
Pão de Açúcar vai investir R$ 5 bi até 2012

Expansão da rede de supermercados está focada no Nordeste para marcas voltadas à 'nova classe m&eac...

Veja mais
Mel: exportações sobem 51%

O valor das exportações de mel em 2009 cresceu mais de 51% em comparação com 2008. O pre&cce...

Veja mais
Preço pode variar até 400%

Procon fez levantamento de 80 produtos em seis lojas de Florianópolis   Pesquisa do Procon realizada em Fl...

Veja mais
Nestlé vai disputar o mercado bilionário de suco em pó

Setor é liderado pela americana Kraft, que tem 46% das vendas   A Nestlé do Brasil não demoro...

Veja mais