Nestlé vai disputar o mercado bilionário de suco em pó

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Setor é liderado pela americana Kraft, que tem 46% das vendas


 
A Nestlé do Brasil não demorou muito para cumprir uma de suas resoluções para 2010: entrar em novos setores. A empresa lança no início de fevereiro um produto com o qual nunca trabalhou no Brasil: os sucos de fruta em pó. A área é dominada pela Kraft Foods, com as marcas Tang, Clight, Ki-Suco, Q-Refresco e Fresh, que juntas têm cerca de 46% das vendas do setor.

 

"Nosso diferencial é que seremos a única linha elaborada com ausência de corantes artificiais na composição dos produtos e composta de ingredientes naturais, com vitaminas A e C, ferro e vitaminas B1, B2 e B6", diz Alexandre Costa, diretor de regionalização e base da pirâmide da Nestlé. Inicialmente, a linha será vendida apenas nos Estados Sul e do Nordeste e deve se expandir para o resto do país ao longo do ano.

 
 
Para quem não é do ramo, a iniciativa parece não ser muito atraente. Mas o que poucos sabem é que por trás de saquinhos que custam menos de R$ 1 (o preço médio é de R$ 0,70 a unidade) esconde-se o segundo maior mercado do setor de bebidas não alcoólicas do país. Só no ano passado, de acordo com a Nielsen, as vendas de refresco em pó movimentaram R$ 1,4 bilhão, ou o equivalente a 3,29 bilhões de litros da bebida preparada. O volume só fica abaixo do total de refrigerantes, que passa dos 14 bilhões de litros, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (Abir).

 

"De cada 100 lares brasileiros, 91 compram e consomem regularmente o produto, sejam eles das classes C, D e E ou da A e B", afirma Costa. As parcelas mais pobres, segundo ele, preferem as versões convencionais do produto, enquanto os sabores com zero caloria ou "light" são os favoritos da parcela mais rica.

 

Com a nova empreitada, a Nestlé planeja tirar a Kraft da liderança do setor. "Agora, a Kraft, que é líder isolada na categoria, terá um competidor à altura", afirma o executivo. A segunda colocada no ranking de vendas é a Ajinomoto, com o Mid, seguida pelos Sucos Camp, do Grupo GB (ex-General Brands). Outra marca forte na área é a Frisco, que pertencia à Unilever mas foi vendida para a Santa Clara, do café 3 Corações, em junho do ano passado.

 

A Nestlé não divulga o quanto investiu no lançamento, que está sendo produzido na fábrica de Feira de Santana, na Bahia. O novo produto vai levar o nome da linha de picolés de fruta da companhia como marca: Nestlé La Frutta. "A marca remete à fruta e tem boa aceitação entre o público", diz Costa. Mas mesmo com toda referência a frutas, o suco em pó da empresa suíça terá - assim como toda categoria - apenas 1% de polpa de fruta em sua fórmula.

 

A campanha publicitária do novo produto (cujo valor também não foi revelado) será, de acordo com o diretor, "massiva", incluindo comerciais em TV, rádio e também material promocional nos pontos de venda.

 

"Com esse novo produto, a Nestlé dá um passo importante para estar presente também em outras refeições do brasileiro", observa Costa. "Até agora, a empresa era muito presente no café da manhã e nos lanches de nossos consumidores, mas não tinha presença no almoço e no jantar", explica ele. Por esse raciocínio e com a promessa de novas aquisições em outros setores para 2010, é de se esperar que a Nestlé não fique só no refresco.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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