Depois que a Kraft Foods Inc. finalmente conseguiu fechar acordo para comprar a Cadbury PLC, a Hershey Co. pode ficar sem muito espaço para crescer internacionalmente.
Há anos que a Hershey e a Cadbury são vistas como possíveis parceiras numa fusão, mas o tamanho relativamente menor da Hershey e o fundo filantrópico que a controla dificultaram que uma união fosse concretizada.
Embora a Kraft ainda não tenha fechado a compra da Cadbury, parece improvável que a Hershey resolva entrar na briga logo agora. Isso sugere que a Hershey - que atualmente obtém a maior parte do faturamento no mercado americano, de crescimento mais lento - ficará sem muitas opções para um impulso concentrado rumo ao exterior.
"Ela ficará relegada a ser apenas uma fabricante americana de doces", disse Chris Growe, analista da corretora Stifel Nicolaus, numa entrevista recente ao Wall Street Journal sobre o futuro da Hershey como empresa independente. As vendas do mercado inteiro de doces dos Estados Unidos têm crescido anualmente cerca de 3%, diz ele. A Hershey teria poucas oportunidades de comprar uma grande concorrente estrangeira, especialmente porque poucas fabricantes de doces têm a escala da Cadbury.
A também americana Mars Inc. criou seu próprio conglomerado de doces em 2008 com a aquisição da Wm. Wrigley Jr. Co. A Mars já vende marcas como os chocolates M&Ms e Dove, e passou a contar também marcas como os chicletes Wrigley's.
A ação da Hershey subiu ontem, aparentemente graças à crença dos investidores de que o acordo da Kraft com a Cadbury provavelmente evitará que a Hershey participe de uma batalha de aquisição potencialmente cara.
A analista da Morningstar Erin Swanson diz que o controle exercido pelo fundo e a presença principalmente americana da Hershey diminuem as chances de que se torne alvo de alguma tentativa de aquisição. Ela não acredita que a Hershey vai tentar ultrapassar a oferta da Kraft, que já conta com o apoio do conselho da Cadbury.
O fundo da Hershey supervisiona uma escola para crianças pobres parcialmente financiada pelos dividendos da Hershey Co. A meta do fundo de garantir o futuro dessa instituição de caridade provavelmente deve pesar mais que outros objetivos. A obrigação filantrópica já limitou o interesse do fundo de mergulhar no acordo, especialmente se o negócio diluir seu controle da Hershey ou expuser o balanço da empresa a algum tipo de risco.
"Há empresas regionais menores que [a Hershey] poderia comprar no mundo se quisesse expandir sua plataforma internacional mais gradualmente. Mas elas não teriam a escala oferecida pela plataforma mundial de distribuição da Cadbury", disse ela.
Mesmo assim, a Hershey ainda tem alguns aspectos atraentes para potenciais investidores. Swanson aponta que a empresa está na cobiçada categoria de doces, que tem margem alta e pouca competição das marcas próprias dos supermercados. E, claro, a Hershey sempre paga dividendos.
Veículo: Valor Econômico