O crescimento de 20% nos últimos dois anos obrigou as fabricantes de produtos de linha branca, como refrigeradores e máquinas de lavar, a buscarem estrutura logística para garantir o atendimento a alta inesperada da demanda. Além de investimentos para eliminar gargalos de produção e aumentar volumes, a área de armazenagem também entrou no foco das grandes fabricantes como a norte-americana Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, e a BSH Continental, subsidiária do grupo alemão BSH no Brasil.
"O maior gargalo desse crescimento que registramos nos últimos anos tem sido a parte de infra-estrutura e logística", disse Sérgio Leme, diretor comercial da Whirlpool. Segundo o executivo, a empresa, que tem fábricas em Manaus, Rio Claro (SP) e Joinville (SC), além de um centro de distribuição em Jaboatão dos Guararapes, no Ceará, passou, este ano, a buscar ajuda com terceiros para dar conta de armazenar os equipamentos prontos. "Chegamos a alugar dez galpões este ano", disse o executivo. Atualmente a empresa conta com a ajuda de quatro galpões alugados nas cercanias das fábricas para poder atender a demanda de distribuição.
Já a BSH optou por um novo centro de distribuição e investiu R$ 40 milhões para montar a operação em área de 40 mil metros quadrados próxima as fábricas de Hortolândia, no interior de São Paulo. Anteriormente, a fabricante armazenava as mercadorias em um centro de distribuição em Jundiaí (SP), que possuía 33 mil metros quadrados. A estratégia visa unificar todo o processo de produção e distribuição na mesma localidade. Com a nova estrutura, que foi inaugurada na última terça-feira, a empresa já calcula os recursos que serão economi-zados com sinergias.
"Nós estimamos que a economia pode chegar a R$ 2 milhões por ano", afirmou Toni Cassaro, gerente de Logística da BSH. "O projeto promoveu a sinergia do centro de distribuição com as fábricas. Construímos até um espaço para acomodar as carretas", disse.
Além de contabilizar os ganhos, a empresa também terá vantagens em relação ao tempo de entrega das mercadorias ao varejo. Se antes, com o centro de distribuição de Jundiaí, uma mercadoria demorava até 24 horas no processo de expedição, agora pode levar até 15 minutos. "Depois de pronto o produto já está disponível para ser entregue aos varejistas", disse Cassaro.
Essa economia pode ser um alívio para a empresa, já que o setor enfrentou este ano a alta dos preços das commodities metálicas e das resinas. A Whirlpool, por exemplo, viu o preço do aço ser reajustado em 50% este ano em relação ao ano passado. As resinas tiveram aumento de 20%. Por isso a empresa anunciou em agosto que os produtos serão reajustados ao longo de setembro. Os fogões, por exemplo, cuja produção utiliza mais aço proporcionalmente, terá reajuste de 10%. Os outros itens terão reajuste de 5%.
Problema
Lourival Kiçula, presidente da Associação Nacional das Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), afirmou que esse problema de armazenagem não está restrito apenas as indústrias de linha branca, mas também as de linha marrom (televisores, aparelhos de som) e portáteis. "Isso tem afetado também as empresas importadoras", disse. "Elas ficam com as mercadorias paradas na alfandega e ainda estão pagando armazéns", disse.
Apesar de não ter um número fechado em relação ao aumento na utilização dos armazéns alugados, Kiçula afirmou que é possível notar um aumento na procura por esse tipo de alternativa.
Veículo: Gazeta Mercantil