Depois da pujança, o setor de linha branca já apresenta uma desaceleração. Após crescer 20% por dois anos seguidos, a Associação Nacional dos Fabricantes de Eletroeletrônicos (Eletros) espera alta de cerca de 12% para este ano. Apesar de um 2008 positivo, o cenário para 2009 está cercado de incertezas. A crise no mercado financeiro internacional, assim como a discussão de um projeto de reforma tributária no congresso, dificultam avaliações para 2009 para um setor fortemente impulsionado pelo crédito.
"Não vejo, no horizonte de seis meses, algo que possa afetar o desempenho das vendas. Mas a partir de janeiro pode ser que os efeitos comecem a ser sentidos", afirmou Sérgio Leme, diretor comercial da Whirlpool. Leme acredita que o Brasil ficará distante do centro da crise financeira, mas não descarta efeitos também no Brasil. "As empresas e os bancos podem aumentar o rigor na concessão de crédito", afirmou.
Segundo Lourival Kiçula, presidente da Eletros, ainda é cedo para avaliar o impacto da crise internacional no setor. "O mundo é muito interdependente", disse.
No entanto, Kiçula disse acreditar na manutenção das facilidades de crédito e em um crescimento também de 12% para 2009. "As taxas de juros podem ser maiores ou menores, mas não acho que a disponibilidade de crédito diminuirá", afirmou.
Outro ponto que tem gerado desconfiança e pode afetar o mercado quando sair do papel é o projeto de reforma tributária em discussão na Câmara. "A apresentação do projeto dá agonia. O projeto que está lá está sendo emendado e é impossível consolidar todas as emendas", afirmou Armando Valle, gerente geral de relações institucionais da Whirlpool. Segundo Valle, o setor espera a simplificação dos impostos, assim como a redução da carga tributária, mas não se sabe o que será definido e como afetará o setor. Ainda há dúvidas sobre a data de votação.
Veículo: Gazeta Mercantil