Indústrias e marcas especializadas em confecção de moda íntima, como Hope, Puket e Lupo apostam no canal de franquias para escoarem uma parte cada vez maior de sua produção, até dobrando a importância das franquias nos seus negócios frente a outros canais de varejo, o que ainda faz com que ampliem a divulgação de suas marcas e ganhem maior espaço.
Criada há mais de 40 anos, a indústria a Hope optou há quatro anos por abrir franquias, que terão maior crescimento este ano. Com a expansão, uma maior parte da produção da Hope será voltada às franquias, que passarão a representar 37% do negócio do grupo - frente a 18% hoje, sendo o restante destinado a outros canais e ao varejo multimarcas. A marca possui 35 franquias no País e quatro no exterior, e a intenção é abrir cerca de 25 lojas até o fim do ano, frente às 19 unidades abertas em 2009. "Queremos estar em todas as capitais e cidades acima de 100 mil habitantes, em shoppings que tenham mais de 50% de lojas monomarcas, nos posicionando como uma grife", afirma Sylvio Korytowski, diretor comercial.
Para o executivo, é interessante que as franquias cheguem a representar até 50% em breve, já que dessa forma consigam uma venda mais qualificada, com maior exposição e divulgação de seus produtos como uma marca premium, voltada para as classes A e B. "Apesar de abrirmos mão de um pouco da nossa margem para o franqueado ter maior lucro, temos de incluir todo um gasto que teríamos em verba de marketing para divulgar nosso conceito. Hoje, o maior ativo de uma empresa é a sua marca, é um caminho sem volta as indústrias trabalharem com lojas próprias e franquias".
A divulgação da sua marca tem sido de fato o maior investimento da empresa e já está trazendo retorno, tanto que segundo o diretor, a área de marketing foi a que recebeu maior injeção de capital, o que entre outros motivos fez com que a Hope crescesse 35% em 2009, alta que pretende repetir este ano.
Para dar conta de sua expansão, também investiram no parque fabril e inauguraram recentemente a segunda fábrica - as duas localizadas no Ceará -, chegando à capacidade de produção de 1 milhão de peças por mês. Hoje fabricam 700 mil peças. Para Korytowski, o mercado de roupas íntimas e lingeries em geral tem conseguido maior visibilidade: "Antes a lingerie era só uma peça para colocar debaixo da roupa. Hoje o conceito é diferente, é bodywear, também aparece", diz.
Outra rede em que as franquias recebem cada vez maior destaque é na Puket, que existe há mais de 20 anos e há cerca de sete começou a descobrir que tinha uma melhor maneira de se posicionar. O negócio deu tão certo que hoje são 79 franquias e só uma loja própria. As unidades recebem 25% da produção da indústria, número que há dois anos era 15% e deve crescer mais.
Segundo Liliana Martins, diretora de expansão da rede, a intenção é chegar pelo menos a 100 unidades este ano, abrindo até 30 lojas e repetindo o número de 2009. "A menina dos olhos da empresa hoje é o canal de franquias. É nosso interesse que elas aumentem a sua participação, assim tenho meu produto melhor exposto e bem posicionado", diz.
Martins ainda acredita que a Puket tem potencial para chegar a 200 lojas em torno de quatro anos e devem consolidar sua expansão em shopping centers e em novas praças. Ano passado, a rede cresceu mais no Nordeste e entrou no Norte do País, onde deve abrir mais unidades esse ano, além de inaugurar em cidades do interior com pelo menos 355 mil habitantes. "À medida que a rede cresce ganha maior visibilidade. Hoje tenho presença nacional, os shoppings querem nossa loja no seu mix", reforça. A expansão deve chegar até no exterior, onde são duas lojas na Venezuela e estudam outros países da América do Sul, mas a rede afirma receber consultas de vários lugares do mundo e já distribuem seus produtos até em países como Portugal, Espanha e França.
Atuar com franquias ainda levou a uma ampliação do mix de produtos. "Há seis anos oferecíamos meias e só algumas lingeries. Hoje temos pijamas, moda praia e vem mais por aí", diz Martins.
Outras seguem o mesmo caminho, iniciado por marcas de vestuário como a Hering. A Lupo, por exemplo, é outra que tem uma ampla rede de franquias, com 174 lojas, abrindo de 20 a 30 lojas por ano, sendo que há uma fila de espera com 500 interessados em serem franqueados. Hoje, 70% da sua produção é para o varejo, 20% para os magazines e 10% para as suas franquias.
Veículo: DCI