Fabricante catarinense estima nova queda nas exportações este ano

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As indústrias têxteis de Santa Catarina projetam para 2010 um resultado bastante tímido nas exportações. A maioria planeja reduzir pela metade o percentual exportado em relação ao ano passado, e em alguns casos, este ano deverá representar o pior patamar histórico de vendas externas.

 

A Teka vai reduzir de 14% em 2009 para 8% as exportações em 2010. Resultado similar terá a Buettner, que projeta sair de 13% em 2009 para também 8% neste ano. A Dudalina, que exportava tradicionalmente 15%, diminuirá para menos de 10%. Mesmo as indústrias que não são fortes exportadoras também programam recuo, como é o caso da Brandili, indústria de roupas infantis, que exportou 3% em 2009 e já fala em reduzir para 2% ou 1%, em 2010. A Lepper, do segmento de toalhas, segundo informou Maria Regina Alves, vice-presidente da empresa, não projeta queda, mas manter em 2%, uma situação que é exceção entre as têxteis catarinenses.

 

"Dos últimos 10 anos, esse será o nosso pior patamar", disse Sonia Hess, presidente da Dudalina. "O que sobrou de mercado externo é somente aquele que a gente batalha para ter e faz esforço para não perder", diz. Além da concorrência com os chineses, ela comenta as dificuldades nos mercados cativos do Brasil, como Argentina e Venezuela. No primeiro caso, os problemas são a necessidade de licenças de importação, e na Venezuela, a dificuldade é que o banco central liberar dólares para que os clientes paguem as exportações.

 

A velha máxima, contudo, continua: Manter os principais clientes, pelo trabalho e custo que já foram despendidos para conquistá-los. Mas os volumes, mesmo para os mais importantes parceiros externos, despencaram nos últimos anos.

 

O presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis do Vale do Itajaí (Sintex), Ulrich Kuhn, exemplifica este quadro com as exportações de Santa Catarina para os Estados Unidos, um dos principais destinos das vendas do setor. Em 2007, as exportações eram de US$ 83 milhões e em 2009 ficaram em apenas US$ 31 milhões. Para a Venezuela, outra queda significativa foi registrada no período: de US$ 9 milhões para US$ 3,6 milhões. "O Brasil perdeu espaço na exportação têxtil. Não vou dizer que isso é irrecuperável, mas será muito custoso recuperar", afirma o presidente do Sintex.

 

A balança comercial têxtil de Santa Catarina mostra as exportações em queda livre desde 2005, quando o Estado vendeu ao exterior US$ 351,9 milhões. Em 2009, exportou US$ 175,6 milhões, o seu pior desempenho histórico. A balança acumulou em 2009 seu terceiro ano de déficit consecutivo, com avanço das importações não só feitas por indústrias de Santa Catarina, como também por empresas têxteis que utilizam os portos do Estado e ainda por varejistas têxteis, que cada vez mais compram diretamente de fabricantes da Ásia.

 

Germano Costa, gerente de vendas da Brandili, diz que o planejamento para 2010 é "estancar ao máximo" as exportações. "Não vejo boas perspectivas para vendas fora do país. A margem está extremamente apertada, cerca de 40% pior do que o mercado interno", diz.

 

Nem mesmo as mais recentes oscilações do câmbio de R$ 1,80 para R$ 1,85 chegam a animar o setor. "O governo nos deu um gelo nos últimos três anos. Não adianta agora subir o dólar um pouquinho que não vamos nos engraçar", disse o vice-presidente da Teka, Marcello Stewers. O executivo critica o governo federal dizendo que "ele (governo) não fez nada para ajudar o setor nos últimos anos" e explica que os 8% que pretende exportar será o mais baixo volume da história da empresa, que há décadas vende para mais de 40 países. "Só vou exportar mais no dia que eu tiver muita certeza da melhora do dólar", afirma.

 

Empresas de cama, mesa e banho catarinense, como Teka e Buettner, em anos como 2004 chegaram a ter metade das suas vendas concentradas no mercado externo. O presidente da Buettner, João Henrique Marchewsky, diz que a exportação deste ano será irrisória perto daquilo que já vendeu no exterior. "Há demanda fora do país, mas não no nível de preço que precisamos", diz ele, que entende que somente a um dólar a R$ 2,20 há possibilidade de competir com os asiáticos e voltar a ter um volume representativo de exportações.

 

Em geral, os empresários têxteis estão descrentes que uma solução possa vir de um plano de recuperação das exportações, como cogita o governo federal. Por enquanto, seguem brigando por espaço no mercado interno e reclamam que os diversos pleitos do setor, como desoneração da folha salarial, acordos bilaterais com fortes países consumidores de têxteis como os Estados Unidos e linha de crédito do BNDES para capital de giro e modernização já foram objeto de discussão, mas não saíram do papel. As empresas reclamam que linhas desse tipo exigem Certidão Negativa de Débito e boa parte das indústrias têxteis tem dívidas com o governo e não tem como apresentá-la. "Deveria haver um pacote que fizesse a regularização dos débitos e também possibilitasse linhas do BNDES a baixo custo", disse Marchewsky.
 

 


Veículo: Valor Econômico


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