Parecia uma resposta ensaiada. Questionadas sobre a intenção de tirar seis meses de licença-maternidade, a técnica em segurança alimentar Liliane Padilha Martins e a repositora Selene Modesto Mazzuco disseram, quase em coro:
–Claro! É nosso direito.
– É importante por causa da amamentação do bebê – reforçou Liliane, que espera Maria Gabriely para abril e é mãe de Rayssa, cinco anos.
Selene vai estrear a maternidade com Isabeli, prevista para nascer no final de março. Selene, Liliane e a tímida Monalisa Costa, 25 anos, são as três grávidas do supermercado BIG, de Capoeiras, na Capital. O BIG é uma bandeira do grupo Walmart Brasil, uma das empresas que se anteciparam à vigência da nova lei e desde junho de 2008 oferecem às funcionárias a opção de ter seis meses de licença-maternidade. A gerente de capital humano da empresa, Cristiane Santos, explica que a decisão foi resultado de uma pesquisa interna, com mil mulheres. A própria empresa paga os dois meses a mais do benefício. A funcionária pode, ainda, tirar férias depois da licença, o que soma até sete meses em casa com o recém-nascido.
– É bom para todos: a funcionária tem tranquilidade para retornar ao trabalho, a empresa ganha produtividade e o cliente é bem atendido.
Liliane trabalha há 15 anos na empresa e não tem medo de perder o emprego por causa da filha. Dedicada ao trabalho, esperou a hora do almoço para dar entrevista. Selene também é competente e não deixa de recolher uma batata no chão, mesmo após o expediente. A lei garante o emprego das futuras mães, desde o momento da descoberta da gravidez até os cinco meses do bebê. Selene e Liliane concordam que gravidez não deve ser encarada como doença nem empecilho para a vida profissional.
O grupo Walmart tem 2,9 mil funcionários em SC, sendo 54,3% mulheres. Por tratar-se de uma lei recente, ainda não foi decidido se a empresa vai aderir ao Programa Empresa Cidadã. Outras empresas nacionais que oferecem seis meses de licença são Nestlé, Garoto, Light, Cosipa, Fersol, Eurofarma, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria.
No caso de Cida, da Intelbras, ainda não há previsão da empresa aderir ou não ao Programa Empresa Cidadã. Como é praxe na empresa, vão conversar com as trabalhadoras – 52% dos 990 funcionários, só na unidade de São José – para então decidir, por meio de uma comissão interna.
Mas as funcionárias grávidas da empresa já têm um benefício desde 1998, o Programa Vida e Afeto, do qual Cida participa pela segunda vez. Coordenado por uma psicóloga, trata-se de um encontro mensal com as barrigudinhas, no qual trocam ideias e recebem informações sobre cuidados com a saúde, alimentação, entre outros temas.
Aos 32 anos e casada há 16, Cida tem dois meninos: Peterson, de 11, e Guilherme, que completará dois anos em fevereiro. É a segunda gravidez que pega Cida no batente. Da primeira vez, quando tinha 19 anos, fazia bicos e teve dificuldades em ser contratada com o barrigão.
A estabilidade de nove anos na empresa ajudou Cida a planejar a chegada de Guilherme. Mariah foi uma surpresa, mas já é uma benção. Mais difícil que amamentar, será controlar a ansiedade até abril.
Veículo: Diário Catarinense