As colegas de trabalho que acompanham o programa Silvio Santos há anos podem não imaginar que, por trás do apresentador, está um empresário que comanda 37 empresas nos mais diversos segmentos. De cosmético a incorporação imobiliária, de seguros a financiamento e hotelaria. Inúmeros negócios estão sob o "guarda-chuva" do Grupo Silvio Santos, companhia de capital nacional e cuja expectativa é ultrapassar os R$ 4 bilhões de faturamento em 2008- no ano passado foram R$ 3,85 bilhões.
É esse conglomerado que, em 2008, completa 50 anos, o que motiva a preparação de uma série de ações de marketing, cujo foco principal é o público interno da companhia -ao todo, são 11 mil colaboradores. Uma delas ocorre hoje, na principal casa de concertos da capital paulista, a Sala São Paulo, quando será realizada uma festa para funcionários. A data também será destacada por meio de uma campanha de comunicação interna, envolvendo todos os colaboradores da organização. A agência escolhida para a realização das ações é a Tudo, do Grupo ABC. "Estamos muito felizes por participar desse projeto, pois trata-se de uma companhia que chegou aos 50 anos vitoriosa, que passou por inúmeras turbulências e mostrou que é possível chegar lá", afirma o presidente da Tudo, Maurício Magalhães.
A campanha teve como mote o conceito "Pode sonhar que dá". A partir dessa idéia, foi desenvolvido um filme para TV que já está em exibição no SBT, além de anúncios impressos e spots para rádio. "Também desenvolvemos muitas ações de endomarketing para falar com os funcionários do grupo", conta Magalhães.
Comando
Entre os responsáveis diretos pela estratégia de valorização do público interno nas ações de comunicação está o presidente do Grupo Silvio Santos. No comando da companhia há 25 anos e funcionário da corporação há 38, Luiz Sebastião Sandoval tem muita história para contar sobre a evolução do conglomerado.
Tudo começou em 1958, ano em que nasceu o Baú da Felicidade. De lá para cá, Senor Abravanel, ou, como é mais conhecido, Silvio Santos - que começou a carreira artística como locutor de comerciais na Rádio Tupi, no Rio de Janeiro - tornou-se um dos maiores comunicadores do Brasil. Seu carisma e a forma de conduzir os negócios são fatores fundamentais para o sucesso do grupo nesses 50 anos.
"O Silvio é um homem muito regrado, com qualidades que fizeram dele não só o comunicador que é hoje, como também um homem de negócios de sucesso", afirma Sandoval. Entre os valores do apresentador destacados pelo executivo estão a determinação e a persistência. "Quando ele se propõe a fazer um negócio, seja na vida executiva ou na vida artística, ele não desiste facilmente", diz Sandoval. "Além disso, ele tem uma qualidade fundamental no mundo dos negócios: sabe trabalhar em equipe e se cerca de profissionais que o acompanham por décadas", afirma.
Isso é fácil de perceber. Além de Sandoval, outro profissional veterano de empresa é o atual vice-presidente da divisão de comércio e serviço, João Pedro Fassina, que chefiou a equipe de vendas do carnê do Baú da Felicidade, quando Silvio Santos ingressou no negócio, herdando o Baú de Manoel da Nóbrega. "No início, era um carnê para retirar um brinquedo, geralmente uma boneca, no final do ano. Com o Silvio, o negócio se diversificou", diz Sandoval.
Conexões
O crescimento da corporação se deve em grande parte ao fato de o empresário sempre buscar companhias que tenham uma ligação entre os negócios, o que faz com que uma empresa "ajude" a outra. Um exemplo é a Vimave. Sandoval conta que, por volta da década de 1970, o Programa Silvio Santos distribuía cerca de 50 veículos, modelo Fusca, por mês. "Era um volume considerável na época. Uma concessionária média trabalhava com esse total em vendas", conta.
Daí que, em vez de comprar carros de concessionárias, Silvio Santos e equipe decidiram entrar no negócio de automóveis e o grupo adquiriu a Vila Maria Veículos, mais conhecida como Vimave, que chegou a vender mais de 400 veículos por mês e teve também uma loja na avenida Pacaembu.
Na história do grupo, é comum a estratégia de, em vez de usar um produto ou serviço terceirizado, optar pela compra de uma empresa ou operação relacionada à necessidade em questão. Assim nasceu o Banco PanAmericano.
Com a operação do carnê do Baú, o capital arrecadado é aplicado no mercado financeiro. Para fazer isso, era utilizado o serviço de uma financeira. "Vimos a oportunidade de comprar uma carta patente de uma financeira e nós mesmo realizarmos essas aplicações. Daí nasceu o Banco PanAmericano, que hoje possui uma carteira ativa superior a R$ 8 bilhões e corresponde a 50% do faturamento do grupo", conta Sandoval. O banco abriu o capital na Bolsa de Valores de São Paulo no final do ano passado.
Mídia
Embora controlador de uma organização repleta de empreendimentos, a menina dos olhos de Silvio Santos é a TV - o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) é responsável por 25% do faturamento da companhia. "Ele adora fazer TV. O próprio Silvio diz que o negócio dele é TV", conta Sandoval. O SBT surgiu em 1981, quando Silvio Santos saiu vitorioso na concorrência para obter um canal de televisão após a falência da TV Tupi. Inicialmente as transmissões aconteciam para São Paulo, Belém, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Hoje, o SBT possui 104 emissoras e cerca de 96% de cobertura de domicílios com TV em todo o Brasil.
Veículo: Gazeta Mercantil