O professor de Negociação Yann Duzert, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV), afirma que os executivos estão "famintos" por temas relacionados ao países emergentes. Ele fala com conhecimento de causa, já que também coordena o mestrado em Gestão Empresarial na instituição, que conta com alunos provenientes de países como Inglaterra, Canadá, Estados Unidos, México, Colômbia, Espanha, Alemanha, França, Noruega, Dinamarca, Líbano e Egito, entre outros. Eles pagam US$ 20 mil para aprender sobre os processos de gestão desenvolvidos no Brasil. O programa, que tem duração de 16 meses, já está em sua quarta turma. Segundo Duzert, o nome da FGV se tornou uma referência no mundo e, com esse mestrado, totalmente em inglês, superou a barreira da língua.
Francês e há cinco anos no Brasil, Duzert afirma que as próprias condições sociais e históricas do Brasil geram as características que hoje atraem executivos de diversas partes do mundo. Para ele, a diversidade racial é uma gestão da complexidade. Esse fato, juntamente com o passado inflacionário do País, fez com que as empresas nacionais desenvolvessem uma enorme habilidade de adaptação.
Mas isso não é tudo. Segundo Duzert, o Brasil tem despontado na área de serviços, desenvolvendo eficientes estratégias para lidar com a competitividade. E são diversas as empresas nacionais que têm se destacado em áreas estratégicas. Basta lembrar de nomes como Vale, com suas destacada logística, e Sadia, com uma bem-sucedida atuação no comércio internacional de alimentos. "Sem contar a alta valorização que os bancos nacionais obtiveram nos últimos anos. São vários os segmentos nos quais o Brasil está inovando. O País tem achado sua própria identidade", observa.
É com base nesses ingredientes que o programa do curso da Ebape/FGV foi montado. No mestrado, os participantes aprendem basicamente quatro coisas: gestão da complexidade com a habilidade de adaptação, técnicas de gestão participativa, estratégias de competitividade e, claro, criatividade - outra característica forte da gestão nacional.
Em setembro de 2007, o diretor de desenvolvimento do Metrô do Rio de Janeiro, o americano Andre Valverde, iniciou seu mestrado em Gestão Internacional na Ebape/FGV. "Procurei a instituição porque é uma das melhores do Brasil. Encontrei esse curso em inglês e que tinha o perfil daquilo que eu procurava, com um conteúdo próximo do oferecido em escolas dos Estados Unidos", afirma Valverde, que antes de vir para o Brasil trabalhava no banco de investimentos Violy, Byorum & Partners, em Nova York.
Segundo ele, o atual momento econômico do Brasil gera oportunidades profissionais, principalmente pelo fato de o País ter obtido o grau de investimento. "Faltarão administradores que saibam lidar com o investidor estrangeiro. Aliás, já faltam", analisa. E os estrangeiros estão de olho nessas vagas.
Para a executiva holandesa Vera Bakker, aluna do MBA da Universidade de Pittsburgh no Brasil, o curso está bastante alinhado com os modelos empresariais americanos, mas a presença de brasileiros entre os alunos permite aprofundar o conhecimento sobre a gestão nacional, já que eles levam suas experiências para as aulas de aula. "O Brasil tem muito para aprender e também para ensinar. Há muitas empresas importantes aqui."
Veículo: Gazeta Mercantil