Com a entrada no comércio eletrônico (e-commerce) da última grande rede varejista no Brasil que ainda não estava no mercado, o Carrefour, que irá anunciar seu e-commerce hoje, suas concorrentes como B2W, Ricardo Eletro e Magazine Luiza preveem reforçar seu site, com mais investimentos em melhorias, divulgação e ações promocionais.
A mineira Ricardo Eletro, com 280 lojas e entre as quatro grandes redes de eletrodomésticos e móveis do País, é uma das que apostam mais alto no canal on-line, com previsão de triplicar as vendas em relação às do ano passado e melhorar a sua gestão. "Montamos toda uma estrutura para vender mais de 20 mil itens porque acreditamos que o e-commerce está explodindo", diz o presidente da rede, Ricardo Nunes.
Marcelo Ribeiro, diretor do comércio eletrônico da rede, também explica que o investimento é na reestruturação do "ponto-com" para competir: "Antes tínhamos uma equipe integrada à gestão da loja. Hoje isso acontece de forma mais independente, como uma outra empresa. O que vamos fazer com a entrada dos novos players é uma loja competitiva; vamos investir em marketing e logística para competir com os grandes players", diz.
O executivo afirma estar tranquilo porque acredita já estar bem posicionado no mercado, o que não o impedirá de apostar fortemente na estratégia de preços baixos. "Como detentores de uma política de preços baixos, com certeza vamos fazer uma campanha e ações para combater a entrada dos concorrentes como o Carrefour", explica. Estão previstos para este ano, também, investimento em logística e a ampliação do Centro de Distribuição (CD) que possuem na cidade de Contagem (MG), próximo à sede da empresa. O site ainda ganhará novos serviços, como: lista de casamento, garantia estendida e caminhão da sorte (título de capitalização).
No final do ano passado, o Magazine Luiza também já deu sinais de estar se preparando para ter um comércio eletrônico mais competitivo, depois da entrada de players como Casas Bahia e Walmart no mercado. O site foi repaginado e ganhou novas ferramentas de interatividade; além disso, foram ampliadas as condições de financiamento do seu cartão próprio por meio do site, com parcelamentos em 24 vezes. As lojas virtuais e o e-commerce representam 13% do faturamento da rede, afirmou no período Frederico Trajano, diretor de Marketing e Vendas da rede. Segundo o executivo, o próximo projeto seria a ampliação do CD na cidade de Louveira (SP), responsável por atender o e-commerce e lojas da Grande São Paulo. "As obras começarão no início de 2010 no local, que de 50 mil irá para 70 mil m²."
Estratégia
Segundo especialistas, a mais prejudicada com o avanço de novos players e das grandes cadeias de varejo dominando o segmento, será a B2W, que atualmente é a maior empresa de comércio virtual e detém os sites: Americanas.com, Submarino.com e Shoptime.com. A empresa estaria investindo mais em marketing e também em ferramentas novas, como a lançada no Submarino semana passada, que promete que o consumidor pode realizar sua compra com apenas um click e sem precisar enviar seu endereço para entrega.
Daniel Domeneghetti, sócio fundador da E-Consulting, empresa especializada em internet, concorda, mas afirma que a rede assim como as outras devem reforçar suas estratégias de comunicação com o cliente, oferecendo preço e prazo, mas com uma abordagem que chama de multicanal, integrando ações nas lojas físicas, internet e e celular, além de aumentar programas de fidelidade. Mas lembra, que as redes já sabiam da entrada do Carrefour: "Todas já estavam se preparando, também com a fusão do Extra.com, PontoFrio.com e CasasBahia.com, além de terem o legado de sua marca, o que atrai os consumidores", afirma.
Para o professor Cláudio Felisoni, do Programa de Administração do Varejo (Provar), a tendência é que o comércio eletrônico siga o ritmo de competição das lojas físicas e que isso se reflita em preços mais baixos para o consumidor. "Na internet é mais fácil comparar preços. Vemos um movimento do consumidor que faz isso e vai comprar na loja física". De acordo com o professor, a tendência é que as redes tenham maior atenção ao segmento para ampliar a base de clientes.
Já para Sandra Turchi, professora de Marketing Digital da Escola Superior de Propaganda e Marketig (ESPM), e coordenadora da inclusão digital para pequena e média empresa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a tendência é a entrada do Carrefour no comércio on-line aumente o faturamento do setor neste ano, ou seja, a loja funcionaria também como âncora para as vendas na internet. "Grandes redes atraem o consumidor, elas têm mais credibilidade", diz ela.
Segundo a especialista, a novo canal de distribuição da rede francesa forçará os concorrentes a oferecerem descontos para segurar o consumidor. "As promoções fazem parte do varejo; com certeza os avanços do Carrefour neste segmento darão uma chacoalhada nos concorrentes", afirma Sandra.
"No início eles passarão por um período de adaptação, mas a chegada deles no mercado já vai causar uma reação nas outras empresas". Até o fechamento desta edição, o Walmart e o Grupo Pão de Açúcar não se manifestaram sobre o assunto.
Comércio eletrônico recebe investimentos das redes como Ricardo Eletro e Magazine Luiza, que se preparam para driblar entrada de novos players, como a rede francesa Carrefour.
Veículo: DCI