Estratégia: Aportes na unidade já somaram R$ 110 milhões entre aquisição e modernização
Adquirida da Parmalat em julho do ano passado, a fábrica da Nestlé em Carazinho, a 300 quilômetros de Porto Alegre, vai servir também de plataforma de exportações de leite em pó, disse o presidente da empresa no Brasil, Ivan Zurita. De acordo com ele, a estratégia vai exigir a instalação de um equipamento de secagem de leite na unidade (a trigésima da multinacional no país), mas o prazo para o início da nova operação e os investimentos adicionais necessários não foram revelados.
Segundo o executivo, no total a Nestlé planeja investir R$ 350 milhões neste ano no Brasil, boa parte deles nas regiões Sul e Nordeste, nas várias áreas em que a empresa atua. Ele não deu detalhes dos projetos, mas explicou que cada 8% de crescimento orgânico na demanda pelos produtos da empresa exige a implantação de uma nova fábrica. Disse ainda que "se houver oportunidades", a companhia vai avaliar novas aquisições no país.
Reinaugurada ontem, a fábrica de Carazinho garantiu um ganho de cinco anos em comparação com o tempo que seria necessário para a construção de uma planta a partir do zero, revelou Zurita. Os aportes na unidade já somaram R$ 110 milhões, sendo R$ 103 milhões pagos à Parmalat no ano passado e o restante gasto na modernização das instalações e dos equipamentos locais.
Embora a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), tenha participado da cerimônia, o executivo disse que a empresa não recebeu "incentivos financeiros" do Estado, mas apenas "informações e suporte técnico" para o empreendimento. Junto com a unidade industrial, a Nestlé adquiriu da Parmalat seis postos de captação e resfriamento de leite, sendo cinco no Rio Grande do Sul e um em Santa Catarina.
A segunda planta da Nestlé no Rio Grande do Sul pode processar 1,5 milhão de litros por dia, mas está operando num ritmo de 350 mil litros diários. A primeira, instalada em 2008 para produzir pré-condensado na cidade de Palmeira das Missões, é capaz de beneficiar até 1 milhão de litros por dia.
Conforme o diretor de lácteos Ivan Galinovich, o objetivo da companhia é utilizar 100% da capacidade instalada em Carazinho no "curto prazo", mas isso depende do desenvolvimento da linha de produtos e da expansão do fornecimento de matéria-prima. Dois mil produtores do norte e noroeste do Estado estão cadastrados para fornecer leite à unidade.
A partir de Carazinho a Nestlé vai suprir o mercado dos três Estados da região Sul, informou Zurita. A fábrica já está produzindo leite longa vida das marcas Ninho e Molico, creme de leite, leite condensado e também pré-condensado para abastecer outras plantas da empresa. Em seguida, conforme o executivo, o portfólio da unidade será ampliado com o achocolatado Nescau pronto para beber e a linha de produtos à base de soja Sollys.
Os planos da empresa para a cidade gaúcha incluem a construção de um centro de distribuição para atender o Sul do país, disse o presidente, também sem especificar prazos. A Nestlé tem hoje três CDs no país, sendo dois em São Paulo e um na Bahia. O prefeito da cidade gaúcha, Aylton Magalhães (PP), prometeu ceder terreno, energia elétrica, água e a infraestrutura necessária para o novo projeto.
Veículo: Valor Econômico