Demanda em alta no NE estimlua negócios

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A compra da Sapeka pela Hypermarcas, anunciada na sexta-feira, sinaliza o quanto os consumidores nordestinos estão ditando o mercado de fraldas descartáveis no país. Esta categoria, que movimentou R$ 1,8 bilhão no ano passado, segundo a Nielsen, teve 22% da sua venda concentrada na região Nordeste (tanto em volume quanto em valor). Enquanto o Brasil inteiro cresceu 16,2% em receita e 9,2% em número de unidades no ano passado (somando 3,67 bilhões de pacotes), o Nordeste deu um salto de 32,5% e de 24,7% nas mesmas variáveis, respectivamente.

 

A disparada deixou para trás o interior paulista, que em 2008 havia praticamente empatado com o Nordeste na venda de fraldas descartáveis infantis. Em 2009, o interior de São Paulo foi o único mercado a registrar queda em volume, de 2,3%, e cresceu apenas 3,3% em valor, passando a significar 17% da receita do mercado nacional.

 

Fundada há 11 anos, a Sapeka, dona de três fábricas (duas em Aparecida de Goiânia-GO e uma em Cabo de Santo Agostinho-PE), com 960 funcionários, lidera as vendas em volume no Nordeste, com uma participação de 37%. A partir da aquisição, a Hypermarcas passa a deter 10% do mercado nacional de fraldas descartáveis infantis em valor (considerando também a Pompom, comprada em outubro de 2009, que marcou o desembarque da empresa nesta categoria).

 

Líder na venda de fraldas no país, a Kimberly-Clark, dona da marca Turma da Mônica, desdenha da aquisição. "É apenas mais um movimento de mercado", diz Pedro Coletta, diretor da divisão Norte-Nordeste da multinacional. Na região, a Kimberly não é líder, mas vem investindo pesado. No final de 2009, lançou uma versão de R$ 0,38 a unidade (até então, a fralda mais barata da marca custava R$ 0,50). A iniciativa consumiu parte dos US$ 2 milhões anunciados no lançamento de três produtos de higiene pessoal. Curiosamente, o Nordeste também lidera o consumo de fraldas premium, acima de R$ 0,70 a unidade.

 

Dona da marca popular Natural Baby, a Ever Green, de São Bernardo do Campo (SP), também se volta para a região. "Vamos inaugurar em abril uma fábrica em Fortaleza", informa Amauri Hong, diretor geral da Ever Green. Na nova unidade e na ampliação da fábrica na Grande São Paulo, a empresa está investindo R$ 45 milhões. "Vamos crescer 50% este ano", acredita Hong. Também a Kimberly aposta em um crescimento de dois dígitos em 2010.

 

A compra da Sapeka foi anunciada na mesma semana em que a Hypermarcas deu início a uma nova oferta pública de ações que poderá somar R$ 1,2 bilhão. A análise do endividamento da companhia mostra que a captação vem em boa hora para garantir que ela mantenha os planos de crescer via aquisições, sem descuidar da saúde financeira.

 

Um analista ouvido pelo Valor fez uma simulação do endividamento da Hypermarcas, considerando a compra da Sapeka e a oferta de ações. Ao final de 2009, a sua dívida líquida era de R$ 1,721 bilhão. Esse valor equivalia a 3,4 vezes o lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Quanto menor esse resultado, maior a folga da empresa para honrar compromissos financeiros.

 

O analista considerou o pagamento à vista dos R$ 400 milhões acordados com a Sapeka (apesar de, pelos termos divulgados para o negócio, a Hypermarcas pagará 56% deste total à vista, ou R$ 225 milhões, e o restante em ações). Também estimou que a ação saia na oferta a R$ 21,50 - no fechamento de sexta-feira na Bovespa, o papel estava em R$ 21,55.

 

Assumindo esses números, ao final do primeiro trimestre deste ano, a relação dívida líquida/lajida cairia para 2,1 vezes. Já se a empresa não captasse recursos via oferta de ações, ela subiria para 4,1 vezes. Com a oferta, mesmo com a compra da Sapeka, a Hypermarcas continuaria em condições de fazer novas aquisições no curto prazo no valor de pelo menos R$ 500 milhões, com pagamento à vista, sem que a dívida líquida supere 3 vezes o lajida ao final de março.

 

Veículo: Valor Econômico


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