Mais eficientes na cobrança, Renner, Marisa e Pão de Açúcar reduzem inadimplência e lucram com a venda de empréstimos
Os serviços financeiros estão ganhando força nas operações de varejo. Mais eficientes na cobrança e na formação de preços,
as redes ampliaram a oferta de créditomas tambémpassaram a vender outros produtos em busca de margens melhores. Além do financiamento para compras nas lojas, entram na receita de serviços financeiros das varejistas produtos como seguros (vida, residencial, desemprego); assistência (residencial, veículo e odontológica) e a garantia estendida, que assegura assistência técnica aos produtos adquiridos por prazo maior do que o garantido pela fabricante.
Além de ganhar mais com os serviços financeiros, as varejistas estão conseguindomanter a inadimplência sob controle. A Renner é um exemplo. As atividades financeiras já respondem por 25% da receita da companhia, mas nem por isso a inadimplência subiu. José Carlos Hruby, diretor financeiro da Renner, acredita que o ideal é que esse percentual fique em 20%para que o negócio da empresa, que émoda, não seja enfraquecido.
De fato, a área teve crescimento robusto na Renner. No quarto trimestre de 2009 o resultado de serviços financeiros somava R$ 25,8 milhões, alta de 57% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado surpreendeu analistas do setor. Rafael Cintra, da Link Investimentos, havia previsto percentual menor. “Esperava que o aumento fosse de 30%. Os 57% me surpreenderam”, diz. A inadimplência, por sua vez, ficou sob controle. A analista de varejo da Ativa Corretora, Juliana Campos, disse ser possível perceber este controle através das perdas em cartões de crédito que ficaram em 3,4% da receita líquida das vendas de mercadorias no quarto trimestre de 2009. A porcentagem ficou abaixo da registrada em 2008 que foi de 4,5%.
“Uma das razões para esta redução é a melhoria promovida nos sistemas de risco de crédito”, diz Juliana. “O atual cenário da
economia com geração de emprego e renda também contribuiu para este desempenho”, afirma Cintra, da Link. Outra empresa que está conseguindo manter a inadimplência sob controle é a Marisa. Em dezembro de 2009, o percentual foi de 1,9%, ante 2,7% em2008 e 3,8%em2007.Acompanhia melhorou seus processos de concessão de crédito e cobrança. A taxa mais alta no triênio foi
registrada em abril de 2007. Na ocasião, o índice da companhia ficou em 11,2%. “A Riachuelo é outra que deve apresentar bom controle da inadimplência no quarto trimestre”, diz Juliana. “A varejista ainda não divulgou seu balanço,mas a expectiva é de resultados animadores.”
Juliana avalia que alémde garantir altos ganhos e vendas se o varejista não oferecer o produto financeiro que o cliente precisa comcerteza algum banco vai fazer isto. “Eles sãomais uma fonte de renda para o varejo”.
Garantia estendida
Entre esses serviços oferecidos a garantia estendida é uma das propostas de maior retorno para o varejo. No grupo Pão de Açúcar trata-se do principal destaque nesse tema. “A garantia estendida é a que mais traz rentabilidade”, diz Enéas Pestana, presidente do Pão de Açúcar. Segundo o executivo, a margem de lucro chega a 60%.
Hoje os serviços financeiros respondem por 12,3% das vendas totais do Pão de Açúcar - sem levar em conta os resultados da rede Casas Bahia, da qual o grupo é sócio-eameta é chegar a 25% até 2012. “Considerando- se que o Pão de Açúcar é dono do Ponto Frio e sócio da Casas Bahia, chegar aos 25% é bastante razoável. Seria uma participação exagerada se o valor levasse em conta somente as vendas dos supermercados”, diz Juliana.
Veículo: Brasil Econômico