Burger King leva seus lanches aos supermercados

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Franquia americana negocia parceria com Grupo Pão de Açúcar para abertura de lojas em estacionamentos e retoma campanha publicitária para impulsionar vendas

 

O Burger King não estámais satisfeito apenas com lojas de rua e shopping centers. A rede de fast food pretende levar suas lanchonetes também para os supermercados e com preços mais atrativos. A experiência teve início dentro de uma loja do Bompreço, bandeira do Walmart, em Salvador. Deu certo e a empresa decidiu expandir a estratégia para unidades do grupo Pão de Açúcar. Está pronto o projeto de uma lanchonete para o estacionamento da loja do Extra localizada no Jaguaré, zona oeste da capital paulista. Mas, ainda não se chegou a um acordo sobre o formato da parceria. A proposta inicial era de que o varejista investisse na estrutura externa enquanto o Burger King arcaria com os custos da parte interna do ponto de venda de hambúrguers.

 

Ao instalar-se em uma unidade de varejo o grupo de alimentação busca redução dos custos de locação com a possibilidade de aumento de vendas. Uma loja de 600 metros quadrados em um estacionamento de supermercado custa, em média, 30% menos que uma de 150 metros quadrados em um shopping center.

 

“Além disso, estes pontos atraem um grande fluxo de pessoas”, diz Pedro Estevan, executivo da rede de fast food responsável por sua expansão na América do Sul.

 

Mais propaganda

 

Além das parcerias com o varejo, a franquia americana retoma os investimentos em marketing no Brasil, que figura entre as prioridades do grupo, juntamente com China e Rússia. Desde que entrou no país, a empresa faz ações pontuais de comunicação. A ideia é manter presença constante na mídia. “Vamos fazer campanhas nacionais, trimestrais e consecutivas”, diz Estevan.

 

O investimento deve reduzir as reclamações dos franqueados sobre a ausência de umplanejamento de mídia consistente. Em 2009,  o Burger King ficou cerca de oito meses sem campanha publicitária, apenas com ações pontuais.

 

Mas, a decisão de fortalecer a imagemnão é apenas para agradar aos parceiros. Ganhar corpo no Brasil é a saída para a franquia equilibrar os resultados mundiais. As vendas globais estão emqueda, um reflexo da retração econômica. Na América Latina, a retração alcançou 2,3% nos dois primeiros meses do ano. Segundo Estevan, este resultado foi puxado, principalmente, pelo mau desempenho do México, principal mercado na região. No mesmo período, diz o executivo, as vendas no Brasil cresceram 20%. No mundo, a baixa nas vendas da rede americana chegou a 5,4%.

 

No entanto, só em fevereiro, o principal concorrente, o McDonald’s, registrou crescimento de 4,8%em faturamento nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia e na África. Os resultados do McDonald’s na América Latina devem ser anunciados no dia 23 destemês.

 

Sobre a expansão da concorrência, Estevan tem uma explicação pronta. “Ele iniciou o processo de internacionalização muito antes de nós. No Brasil, chegou há 30 anos. Estamos aqui há apenas cinco”, diz. O Burger King possui 12 mil lojas em mais 73 países e territórios americanos ao redor do mundo. No Brasil, são 76 unidades.

 

Franqueados disputam receita e território

 

De Nadai abrirá suas primeiras lojas em São Paulo, estado que era reservado para a BGK Nos bastidores do crescimento das vendas no Brasil e da maior presença da marca Burger King na mídia ocorre uma disputa acirrada entre os franqueados da rede, que buscam os mercados mais atraentes. O alvo central de discórdia é o interior paulista, onde a De Nadai vai abrir suas duas primeiras lojas. Elas serão instaladas em uma rua e no principal shopping center de Ribeirão Preto.

 

Essas inaugurações preocupam Guilherme Batalha, dono da BGK, primeira parceira do grupo no país e que perdeu sua exclusividade no estado paulista. Segundo fontes do setor, a punição ocorreu por não cumprimento das metas de aberturas estabelecidas pela corporação americana. No ano passado, a BGK abriu oito lojas, quando a meta da Burger King Corp. era quinze. Mesmo com sete lojas a menos do que o esperado, a BGK ainda está muito à frente dos outros nove franqueados nacionais.

 

A W2DMA, responsável pela expansão das lojas no Rio de Janeiro, está prestes a abrir a quinta unidade. No início de suas operações, em 2008, afirmou que iria inaugurar 30 lojas emcinco anos. “Existe um tempo de maturação até que a empresa consiga acelerar seu plano de expansão”, diz Pedro Estevan, executivo da Burger King Corp. responsável pela América do Sul, justificando o desempenho das operações.

 

No entanto, o que se comenta no mercado é que o processo mais lento de inaugurações no Rio de Janeiro está ligado à boa lucratividade das lojas cariocas. Com o faturamento em alta, a matriz acaba sendo mais condescendente com a empresa carioca, aliviando a cobrança por novas unidades. Em São Paulo, o faturamento não chega a ser tão bom a ponto de reduzir a pressão sobre a BGK. Estevan, por sua vez, nega a informação.

 

Presença

 

A previsão de inauguração este ano na região da De Nadai, no noroeste paulista, é de cinco unidades. A BGK, de acordo com Estevan, abrirá oito lojas. Como o plano da corporação é inaugurar até 25 lojas no Brasil até dezembro, sobram apenas 12 lojas para os outros oito franqueados. Além de BGK, De Nadai e W2DMA, a empresa conta com a Shirba (Bahia, Sergipe, Espírito Santo, Sergipe e Alagoas); Grupo Vierci (Santa Catarina); BGNE (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco); Fast Burger (Minas Gerais); King Food (Goiânia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul); Good Food (Paraná); Estação Burger (Rio Grande do Sul). Ao todo, a rede tem 76 restaurantes do país.

 

Veículo: Brasil Econômico


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