Acesso a equipamentos mais sofisticados e investimento de fornecedores em novos sabores e misturas tornaram o mercado de sorvetes mais competitivo e promissor
Os prazeres proporcionados pela degustação de um sorvete são incontáveis. A textura, os aromas, os sabores, as cores e a temperatura fazem da delícia alimento de possibilidades inimagináveis. No Brasil, o sorvete começa a extrapolar as sobremesas e eventos, para se tornar complemento alimentar.
Ainda assim, com imensa população e clima quente quase todo o ano, nosso país está na 10ª colocação em consumo de sorvetes, em torno de quatro a seis quilos per capita/ano, enquanto países europeus chegam a 30 quilos/ano por pessoa, conforme dados fornecidos pelo presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria de Sorvetes de Minas Gerais (Sindisorvete), Bruno Figueiredo. Isso significa que ainda há muito a crescer no segmento, que oferece excelente oportunidade a empreendedores.
A abertura de linhas de crédito, o acesso a equipamentos mais sofisticados e o investimento de fornecedores em novas misturas e sabores tornaram o mercado muito competitivo e inovador. A exigência cada vez mais sofisticada do consumidor contribui para que o produto seja cada vez mais procurado e disputado, formando novas cadeias de produção, inclusive com a criação de escolas para formação de mão de obra. Outra consequência foi o surgimento do “mestre sorveteiro”, profissão até então desconhecida no mercado brasileiro. Ele é responsável por pesquisar e descobrir, entre outros, novos sabores e texturas.
O mercado de sorvete, como toda a economia interna, está aquecido, mas o determinante ainda é o tempo: “O consumo está associado às condições climáticas. A chuva prejudica mais o comércio do que as baixas temperaturas. Também, quanto maior a renda maior é o consumo, mas não temos dados oficiais, há um diagnóstico setorial feito em 2008. Estimamos que, a partir deste ano, o segmento cresça 10% ao ano. O sorvete é a sobremesa mais desejada, é nutritivo, rico em cálcio, proteína e um excelente negócio. Não é um produto caro, mas não é barato. É complexo”, define Bruno.
Embora o consumo maior seja nesta época de calor, para Andrea Manetta, sócia-proprietária da aconchegante sorveteria Alessa Gelato & Café, no Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul da capital, “a associação do consumo ao verão vem caindo em desuso e o alimento pode ser degustado em qualquer época do ano”, diz. Ela revela que, no inverno passado, a Alessa registrou crescimento de 30% nas vendas e mais 50% neste verão.
ESTRUTURA - São variados os meios de se trabalhar com sorvetes, desde os mais simples e populares aos mais sofisticados. O negócio pode ser um complemento no comércio, como as vendas em padarias, lanchonetes, hotéis e restaurantes, ou mesmo um produto único, no caso de franquias ou pontos de vendas exclusivos. As grandes redes oferecem estruturas diversas para a montagem do negócio: consultorias, estudos, projetos e até mesmo alguns equipamentos. É o caso da Sorvete Salada, que começou com uma pequena fábrica no Bairro Novo Progresso, em Contagem, na região metropolitana, e se tornou uma grande rede, com mais de 1 mil pontos de revenda em todo o estado.
Há 16 anos, a Gellak Sorvetes, em Sete Lagoas, Região Central, funcionava com duas máquinas e quatro funcionários. Hoje, conta com 48 empregados e distibui sorvetes e picolés a centenas de pontos de venda. Para o empreendedor Vagnaldo Geraldo Fonseca, que sempre trabalhou com refrigeração, mas desde criança pensava na indústria de sorvetes, a formação de mão de obra e aquisição de equipamentos são o lado mais difícil desse nicho. “Foi um impacto muito grande no início, mas agora atendo várias cidades, num raio de 100 quilômetros de Sete Lagoas”, conta, cheio de orgulho.
“De toda forma, é uma arte”, reconhece Andrea Manetta, que, em sociedade com o argentino Francisco Terroba, de Buenos Aires, importou, de Capua, próxima a Nápole, na Itália, o mestre sorveteiro Mario di Rauso, responsável por pesquisar mais de 300 sabores, para fundar a refinadíssima Alessa. Tal foi o sucesso que, com três anos e meio de funcionamento, a empresa abriu, em dezembro, a primeira filial em Búzios (RJ).
De acordo com o presidente do sindicato, este é um excelente momento para investir no ramo, uma vez que o mercado está dando os primeiros passos e ainda há muito o que pesquisar e oferecer ao cliente. “O ponto de venda não é muito caro, porque há diluição do custo com a empresa que vai representar a marca. A indústria tem custo muito elevado. Toda a cadeia de frios é cara. Os equipamentos são mais potentes. Pela sua complexidade, a indústria de sorvete exige investimentos contínuos. Por isso, o retorno pode demorar pouco mais de dois anos. Não que não seja lucrativa, mas porque precisa de musculatura para crescer.”
Serviço
Sindisorvete
(31) 3284-5830
Gellak
(31) 3773-2132
Veículo: O Estado de Minas