Laep ainda busca saída para ativos da Parmalat

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Acordo com a GP, anunciado no domingo, não livra a companhia de problemas

 

A associação operacional com a GP Investimentos ainda não é a solução definitiva para os problemas da Laep, controladora da Parmalat. Na noite de domingo, o Leitbom (laticínio da GP) fechou um acordo com duas empresas da Laep para comprar matéria-prima, fabricar e distribuir em conjunto. Não se trata, por enquanto, de uma fusão.

 

Com essa parceria, o empresário Marcus Elias, controlador da Laep, pode melhorar a deficitária distribuição do seus produtos e aumentar a eficiência das suas fábricas, hoje ociosas. Mas ele ainda precisa encontrar uma saída para os ativos da Parmalat, que não foram incluídos no acordo com a GP, e resolver uma briga na Justiça com 250 produtores de Goiás. Desde o começo deste ano, o grupo cobra uma dívida de R$ 3,5 milhões.

 

Na manhã de ontem, alguns desses produtores iniciaram um protesto em frente à fábrica da Parmalat de Santa Helena de Goiás, bloqueando a entrada com suas caminhonetes. Representantes da empresa conseguiram acalmar os manifestantes, com a promessa de que na quarta-feira receberiam satisfações da diretoria. "Está ficando cada vez mais difícil controlar o pessoal", diz Wesley Gonçalves, líder dos produtores de leite de Santa Helena de Goiás.

 

O acordo com a GP incluiu duas fábricas em São Paulo e uma em Minas Gerais, que pertencem aos laticínios Glória e Ibituruna. Mas deixou de fora justamente as fábricas onde a Laep tem problemas com produtores - além de Santa Helena, a Parmalat também enfrenta dificuldades em Itaperuna, no Rio de Janeiro. Na região, a empresa perdeu dois de seus principais fornecedores depois de ter atrasado pagamentos.

 

Sem tradição no setor, Elias sempre teve a intenção de vender os laticínios em algum momento. O problema é que, se desfazer os ativos da Parmalat, que ficaram de fora do acordo, não será uma tarefa simples. Como a empresa está em recuperação judicial, qualquer negociação de seus ativos depende de autorização de Justiça. A Parmalat ainda tem dívida de R$ 40 milhões sujeita à recuperação judicial.

 

Treino. Além disso, como a associação não envolveu dinheiro nem troca de ações, é muito mais fácil de ser rompida. A parceria é encarada como ensaio para uma possível fusão no futuro. "Por enquanto, é um treino. Se der certo, vai virar uma empresa só", disse uma fonte ligada à GP.

 

Caso essa fusão se concretize, a participação acionária já está definida. A GP será majoritária, com 60% do negócio. A Laep entraria com 40%.

 

No consórcio, a GP é quem dará as regras do jogo. Marcus Elias foi excluído das decisões da gestão. Com a associação, a operação do GP no setor de lácteos dobrará de tamanho. Sua capacidade de captação de leite saltará de 1 milhão de litros para 2 milhões por dia.

 

Essa nova empresa nasce com oito fábricas. Além das três da Laep, a Leitbom tem cinco unidades de produção entre os Estados de Goiás e Pará. Juntos, os três laticínios terão 5% do mercado de lácteos do País, o que os colocará entre os cinco maiores desse setor.

 

Para o GP, a associação traz duas grandes vantagens. A primeira está na possibilidade de explorar a marca Parmalat - a Laep tem a licença de uso até 2017, renovável por mais 10 anos. A segunda é a chance de acessar os mercados consumidores de São Paulo e Minas Gerais. Hoje, a distribuição da Leitbom está concentrada em Goiás e em algumas áreas do Nordeste.

 

A GP entrou nesse setor em 2008, com uma promessa ambiciosa de criar um dos maiores laticínios do País. Até domingo, porém, suas tentativas de avanço no setor foram frustradas.

 

A GP sondou vários concorrentes e chegou até a propor a compra de uma participação minoritária na BRFoods, empresa resultante da fusão entre Sadia e Perdigão.

 

CRONOLOGIA

 

Maio de 2006
Novo dono
O empresário Marcus Elias adquire o controle da
Parmalat por meio da Laep. Pouco mais de um ano depois, abre seu capital.

 

Abril de 2008
GP no leite
GP Investimentos desembolsa R$ 308 milhões pelo
laticínio goiano Leitbom. É o auge da consolidação no setor.

 

Setembro de 2008
Mudança de planos
Menos de quatro meses depois de adquirir as marcas Poços de Caldas e Paulista, Laep vende ambas para a Leitbom.

 

Dezembro de 2008
Crise
Com o caixa enfraquecido, Laep decide colocar seus ativos à venda. Dois meses depois, vende a fábrica de Carazinho (RS) para a Nestlé.

 

Janeiro de 2010
Fundo
Laep recebe aporte de R$ 120 milhões do fundo Global Yield Fund Investment.

 

Março de 2010
Acordo
Laep fecha acordo operacional com a GP.

 

Veículo: O Estado de São Paulo


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