Crescimento na área de produtos flexíveis será puxada pelo avanço no consumo das famílias.
As vendas de embalagens plásticas flexíveis, segmento que reúne desde a fabricação das sacolas utilizadas em supermercados até embalagens de arroz ou feijão, deverão crescer por volta de 8% neste ano. A previsão foi dada ontem pela Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief) e leva em consideração a projeção de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 5,3% neste ano. "Acreditamos que essa expansão seja sustentada por um movimento homogêneo, resultado do maior consumo das famílias", afirmou o presidente da entidade, Alfredo Schmitt.
Historicamente, explicou o executivo, o desempenho do setor tem variação positiva de 1,5 vez a 2 vezes o crescimento anual do PIB. Em 2009, no entanto, a indústria de embalagens plásticas flexíveis foi afetada pela retração da atividade econômica e registrou queda de 5,1% no volume produzido.
A redução da demanda interna, associada a uma retração de 7,8% no preço médios dos produtos, culminou com uma queda de 12,5% no faturamento do setor ante 2008, para R$ 9,02 bilhões, de acordo com levantamento feito pela consultoria MaxiQuim a pedido da Abief.
Para 2010, as estimativas são favoráveis não apenas pela tendência de recuperação das vendas, mas também pela previsão de alta dos preços. " possível que em 2010 vejamos um patamar (de receita) superior ao visto em 2008", destacou Schmitt, referindo-se ao nível recorde de vendas de R$ 10,31 bilhões apurado naquele ano. Para alcançá-lo o setor precisará crescer acima de 14% neste ano.
Essa expansão, apesar de significativa, não se torna inviável para o setor, uma vez que o preço das resinas termoplásticas, principal insumo da cadeia plástica, está em forte elevação. "Desde o começo do ano os preços das resinas já subiram aproximadamente 11% em reais", afirmou o executivo, para quem as novas cotações dos insumos devem ser incorporadas ao preço final dos itens transformados plásticos. "Não temos como absorver esse aumento, por isso precisaremos repassá-lo aos clientes", destacou.
A indústria de embalagens plásticas flexíveis responde por aproximadamente 35% do consumo doméstico de resinas termoplásticas e do faturamento da indústria plástica brasileira. O segmento é composto por aproximadamente 4 mil empresas e tem como principais clientes a indústria de alimentos, o varejo e clientes industriais, como as fabricantes de fertilizantes.
Déficit comercial - Diante da retração da economia mundial, as exportações da indústria de embalagens plásticas flexíveis encolheram 19% sobre 2008, para 65 mil toneladas. As importações, por sua vez, ficaram estáveis, em 77 mil toneladas por ano. Com isso, o setor registrou déficit de 12 mil toneladas, o primeiro resultado comercial negativo do levantamento apresentado pela MaxiQuim, com dados desde 2005.
Em receita, o déficit é ainda mais expressivo. De acordo com a pesquisa, o resultado negativo cresceu 28% entre 2008 e 2009, para US$ 165 milhões. As exportações em 2009 encolheram 32%, para US$ 173 milhões, enquanto as importações caíram 12%, para US$ 338 milhões. "Os números mostram que o Brasil passou a importar produtos de maior qualidade". As exportações, por outro lado, são cada vez mais caracterizadas por produtos considerados commodity.
Preocupado com a competitividade da indústria de transformação brasileira, Schmitt destaca que a conjuntura é adversa para as empresas que buscam clientes no exterior. "Não podemos continuar pensando em exportar com a atual carga tributária", disse, após citar outros problemas enfrentados pela indústria brasileira, como o custo de energia.
A despeito das adversidades internas, Schmitt prevê que as exportações do setor possam voltar aos patamares vistos até 2008, quando as vendas externas movimentavam aproximadamente 80 mil toneladas anuais. (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG