Para analistas de mercado, união com Insinuante e Ricardo Eletro não está descartada
Em meio à revisão da fusão entre Ponto Frio e Casas Bahia, as dúvidas quanto às opções viáveis para que o Magazine Luiza se mantenha competitivo ante as grandes redes ganham destaque. Após perder para o Pão de Açúcar a disputa pelo Ponto Frio e, mais recentemente, a Insinuante para a Ricardo Eletro, a empresa comandada por Luiza Helena Trajano mantém o mercado à espera de ummovimento urgente, sob o risco de perder ainda mais espaço no setor.
Em reação ao acordo entre Abilio Diniz e Michael Klein, anunciado em dezembro e posto em discussão na última segunda-feira, o segundo grande passo rumo à consolidação do varejo local foi dado no final de março, quando Ricardo Eletro e Insinuante uniram suas operações e criaram a segunda maior rede de eletroeletrônicos e móveis do país, com faturamento de R$ 5 bilhões. Com isso, o Magazine Luiza desceu para a terceira posição entre as varejistas.
Em 2009, a receita líquida da companhia foi de R$ 2,8 bilhões. Uma possível aliança com a Máquina de Vendas - holding formada por Ricardo Eletro e Insinuante — não é descartada pelo mercado. “A associação de Insinuante e Eletro com Magazine Luiza é uma alternativa, pois aceleraria o processo das duas primeiras na entrada em São Paulo”, diz o analista Rafael
Cintra, da Link Investimentos.
Na opinião do analista Ricardo Boiati, do Bradesco BBI, a dificuldade na obtenção de bons pontos de venda no Estado favorece a união a uma rede consolidada. “Começar do zero é mais caro, demorado e arriscado”, afirma.
As apostas do mercado, contudo, privilegiam o perfil consolidador da empresa sediada em Franca (SP). Nesse sentido, a aquisição de redes regionais de menor porte — com até 20 lojas — se mostra como o melhor caminho para Luiza Helena ganhar abrangência em todo o país. “Para o Magazine Luiza, pode ser interessante comprar (empresas) menores porque o desembolso de dinheiro não será tão grande. Além de não pagar pelamarca, grupos regionais custam menos por não estarem em grandes centros”, afirma o analista Pérsio Nogueira, da Planner Corretora.
Segundo ele, a estratégia representaria uma via demão dupla, favorecendo pequenas redes que hoje estão endividadas ou enfrentam dificuldades para negociar preços melhores. Mas, Nogueira também não descarta uma associação entre Magazine Luiza e Casas Pernambucanas.
Neste caso, embora os negócios não sejam equivalentes, seriam complementares, ao ampliar a atuação da Pernambucanas em eletrodomésticos e eletrônicos.
“O Magazine Luiza, que perdeu posição, talvez procure também se unir a outro player, como a Colombo ou Pernambucanas”, disse o professor do Centro de Excelência no Varejo da Fundação Getulio Vargas, Maurício Morgado, na ocasião da fusão entre Ricardo Eletro e Insinuante.
A possibilidade de um passo ser dado pelo Magazine Luiza no curto prazo também reforça as discussões de que a oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da companhia possa ocorrer ainda este ano. “A abertura de capital não é condição fundamental para aquisições, mas seria positiva para dar fôlego à empresa ao entrar numa negociação”, ressalta Cintra, da Link, acrescentando que, “se (a empresa) ficar parada, vai perder espaço”.
Veículo: Brasil Econômico