Luiza Trajano descarta associação com Pão de Açúcar e Casas Bahia e afirma que indústria aprendeu a negociar com redes menores
O Magazine Luiza não está à venda. Também não está interessado em se associar com Ponto Frio ou Casas Bahia, afirma a empresária Luiza Trajano, que comanda a rede de varejo. “Não estamos à venda nem comprando ninguém”. Segundo a empresária, primeiro por acreditar que as duas gigantes de varejo vão se entender e, segundo porque não fazmais sentido fazer associação só para aumentar seu poder de barganha coma indústria.
Para não ficar na mão de grandes varejistas, Luiza diz que a indústria aprendeu a valorizar também as pequenas redes. “Eles tiverammuito prejuízo com isso”, diz. “No setor de supermercados, por exemplo, as redes regionais nunca estiveram tão bem. Em minha região (Franca, no interior de São Paulo), tem supermercado pequeno que vende tanto quanto as redes globais.”
Apesar de negar uma aquisição neste momento, a empresária admite que o Magazine Luiza está aberto a compras neste ano, e que recursos não são problema. Sem intenção de mexer no caixa da empresa, Luiza afirma que o mercado de capitais é uma alternativa, bem como a associação com uma empresa do setor financeiro. “Podemos ter um novo parceiro estratégico, mas por enquanto não há nada concreto”, afirma. “Dificilmenteuma empresa de varejo tem hoje 10 anos de balanço auditado como nós. Por isso, estamos preparados para qualquer tipo de investimento.”
Os esforços visam manter a segunda posição em participação de mercado, que foi ameaçada após a fusão das redes Insinuante e Ricardo Eletro, que preveem faturamento de R$ 5 bilhões para este ano. O Magazine Luiza faturou no ano passado R$ 3,8 bilhões, um resultado 18,7% superior ao de 2008. Para chegar ao mesmo patamar dos concorrentes, terá de crescer pelo menos 30% neste ano em vendas. E os planos estão sendo realizados, diz a empresária.
“Nossa previsão inicial era crescer de 20% a 22%, mas crescemos 40% no trimestre”, afirma. “Vamos crescer de 30% a 40% no ano”. A estratégia é investir R$ 40 milhões na abertura de 30 lojas, principalmente na região da Grande São Paulo, chegando a 85 pontos de venda.
Máquina de vendas
Enquanto o mercado especula sobre o próximo capítulo das negociações entre Pão de Açúcar e Casas Bahia, as varejistas de eletroeletrônicos e móveis Ricardo Eletro e Insinuante correm para deixar a operação pronta. A recém-criada companhia, que leva o nome de Máquina de Vendas, manterá as duas bandeiras – exceto no estado do Rio de Janeiro onde as lojas da Insinuante se transformarão em Ricardo Eletro –, e prevê abrir até 50 unidades neste ano.
Para garantir a meta, os sócios perdem noites de sono. Luiz Carlos Batista, da Insinuante, afirmou recentemente ao BRASIL ECONÔMICO que tem dormido poucas horas em função do tempo dedicado ao novo negócio. O principal objetivo da união, que não teve valores revelados, foi aumentar o poder de barganha das empresas, que se viram ameaçadas após o fortalecimento do grupo Pão de Açúcar, cuja fusão com Casas Bahia ocorreu poucosmeses depois da compra do Ponto Frio, em junho de 2009.
Veículo: Brasil Econômico