EUA determinam recolhimento do Tylenol infantil; não é a primeira vez que a J&J faz recall
No último sábado, a Food and Drug Administration (FDA), órgão americano responsável por regular os mercados de alimentos e medicamentos, determinou o recolhimento da versão líquida do analgésico Tylenol, voltado para o público infantil, do Motrin, do Benadryl e do Zyrtec, todos da Johnson & Johnson. O laboratório reconheceu que alguns produtos apresentavam concentração do princípio ativo além do indicado. Não foi a primeira vez que a J&J teve problemas com o Tylenol. Em 1982, três pessoas morreram emChicago após a ingestão de cápsulas do Tylenol Extra- Forte que continham indevidamente cianeto. A distribuição de produtos farmacêuticos fora dos padrões de produção pode não ser um fato tão comum como de outros produtos, mas tem o poder de colocar em risco a saúde e os planos de vida dos usuários.
Foi assim em 1998, quando a alemã Schering distribuiu no Brasil um placebo com farinha, que deveria ser utilizado apenas para testar a produção de uma nova embalagem, no lugar de lotes de seu anticoncepcional Microvlar. As “pílulas de farinha” resultaram em gravidez indesejada em consumidoras. Pelo menos 200 mulheres entraram na Justiça contra a companhia, mas apenas 10 conseguiram comprovar o uso do produto e foram indenizadas. Mais recentemente, o laboratório brasileiro EMS foi obrigado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a retirar do mercado lotes do anticoncepcional injetável Contracep, suspeito de ineficácia.
Mayra Murakami, especialista em laboratório de saúde pública da Anvisa, relata que o órgão mantém um programa nacional de verificação da qualidade de medicamentos. Entre 2008 e março deste ano, 620 lotes foram analisados, sendo que 15% apresentaram algum desvio de qualidade. Os principais problemas encontrados estão relacionados à rotulagem inadequada dos produtos, como falta de informações aos consumidores; inadequação na velocidade de liberação das subs-tâncias; concentração inadequada dos princípios ativos e aspecto inadequado dos medicamentos. “Os medicamentos, para serem eficazes, precisam estar 100% de acordo com suas especificações”, diz a especialista.
Veículo: Brasil Econômico