Sabe aquele cheiro tentador ao abrir uma embalagem de salgadinho ou de confeitos? Por trás desse ato tão automático, um exército de pessoas da Givaudan, empresa química suíça especializada em aromas e fragrâncias, trabalha para dar sabor aos alimentos e bebidas e identidade aos perfumes.
O grupo, fundado há quase 200 anos, está dando um enfoque maior na área de "taste solutions", com investimentos em tecnologia para potencializar os sabores doces e salgados dos alimentos, sem descaracterizar os produtos. "Com o crescimento da população obesa e hipertensa, temos de buscar soluções saudáveis", disse Cláudio Malheiro, presidente de aromas da Givaudan para América Latina. A ideia é conservar o sabor do sal ou do açúcar, sem que o consumidor ingira mais calorias.
O Brasil tem sido uma grande fonte de inspiração para a companhia. Aquele cheirinho bom de frango de padaria, popularmente conhecido como "televisão de cachorro", e de picanha de churrascaria já fazem parte do portfólio da Givaudan, como também o de moqueca de peixe e da famosa caipirinha. Outros sabores regionais, como o molho chimichurri, típico para acompanhar churrasco na Argentina e Uruguai, também ganharam terreno.
Agora, a empresa busca nas "superfrutas" saudáveis, como açaí, acerola e laranja, novas inspirações. As frutas cítricas são consideradas a nova tendência de mercado. A carteira global de produtos da companhia conta com mais de 5 mil itens.
No Brasil, a empresa está investindo para expandir suas atuais instalações, localizadas na capital paulista. A companhia recém-concluiu investimento de R$ 40 milhões para ampliar sua unidade de fragrâncias e vai fazer um aporte de R$ 15 milhões para duplicar sua fábrica de aromas.
O mercado global de aromas e fragrâncias movimenta entre US$ 15,9 bilhões a 16,8 bilhões, de acordo com estimativas do setor. A diferença entre um e outro é bem sutil - ambos têm odor, mas o aroma está associado ao sabor.
Com faturamento global da ordem de US$ 3,8 bilhões em 2009, o segmento de aromas, voltado sobretudo para as indústrias de alimentos e bebidas, responde por 54% do faturamento do grupo, e o de fragrância, destinado aos mercados de perfumes, produtos de higiene pessoal, de beleza e limpeza doméstica, pelos 46% restantes. No Brasil, a empresa registrou receita de R$ 420 milhões.
O centro de pesquisa e desenvolvimento da companhia fica nos EUA. Cerca de 8% da receita do grupo é destinado para desenvolver novas tecnologias.
A região da América Latina apresentou o melhor desempenho no ano passado, com crescimento de 14% em moeda local. Somente no Brasil, onde atua desde 1927, a receita da Givaudan aumentou 25%. No mesmo período, o faturamento global apresentou alta de 1,4%. Desde 2000, a companhia opera de forma independente, por conta do seu desmembramento da farmacêutica Roche.
Segundo Malheiro, o plano de expansão da companhia é por meio de aquisições. Em 2007, com a compra da Quest Fragrâncias e Aromas, divisão da ICI Especilidades Químicas Ltda, tornou-se líder global em fragrâncias. A empresa é a maior em aromas, com 25% de participação global
Veículo: Valor Econômico