Contribui para o otimismo da CNDL a perspectiva de crescimento de emprego
O comércio não tem do que reclamar: vendas em alta e inadimplência em baixa fazem parte do quadro do setor atualmente. E com a perspectiva de crescimento do emprego formal, as estimativas são ainda mais positivas para o final do ano. As vendas do Dia das Mães já surpreenderam os lojistas e este é só um sinal do que ainda está por vir. Isso porque o segundo semestre, historicamente, tem mostrado resultados melhores do que os da primeira metade do ano.
Além disso, este ano tem um ingrediente que costuma movimentar o comércio: a Copa do Mundo. Por tudo isso, a expectativa é de que as vendas cresçam mais de 10% em 2010 em relação ao ano passado. "O quadro está muito bom e tende a melhorar", resumiu o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior.
Só em abril, o número de consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apresentou alta de 8,67% na comparação com o mesmo mês do ano passado. O levantamento funciona como um termômetro das vendas e é utilizado para compras a prazo e pagamentos em cheque em 800 mil pontos de venda no País. Em relação a março, houve queda de 8,95%, mas isso não preocupou Pellizzaro que atribuiu a redução a fatores sazonais.
Março é tradicionalmente um mês de negócios mais aquecidos por conta das liquidações de queima de estoques para o lançamento da nova coleção. Além disso, houve o feriado da Semana Santa em abril, o que interfere no número de dias úteis e na utilização de parte da renda de alguns consumidores para viagens. Tanto é que nos quatro primeiros meses do ano, o saldo das consultas ainda é positivo em 7,75%, comparando-se ao quadrimestre de 2009.
A pujança dos números é atribuída pelo presidente da CNDL ao aquecimento do mercado de trabalho. Ele lembrou que, só no mês de março o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, registrou a criação de 266 mil vagas com carteira assinada. "O brasileiro vem tendo confiança de que não vai perder o emprego, então toma crédito", disse. Pellizzaro comentou ainda a elevação da estimativa da geração de novos postos, para 2,5 milhões, feita pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, no início deste mês. "Isso é música para nossos ouvidos."
Um episódio recente que confirma o bom momento do comércio foi o Dia das Mães. De acordo com o SPC Brasil, houve um incremento de 9,43% das consultas nos dez dias que antecedem a comemoração em relação a idêntico período de 2009. "A expectativa, já otimista, era de um crescimento de 8%."
Lojistas vão lançar plano de refinanciamento de dívidas para estimular movimento no Natal
Os lojistas preparam uma campanha de refinanciamento para ser iniciada em outubro deste ano e estimular as vendas de Natal de 2010. "Vamos lançar campanha de recuperação maciça de crédito. Será uma prévia para aquecer vendas de Natal", disse o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro Junior. Segundo ele, a estratégia surgiu de uma decisão local, mas a proposta é expandir essa campanha para todo o País. O comércio pretende reparcelar as dívidas em atraso com condições especiais. Pellizzaro Junior não adiantou, porém, quais seriam essas condições. "É momento apropriado para limpar o nome do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Será como um ‘Refis' dos trabalhadores", considerou.
Ontem a entidade informou que a inadimplência dos consumidores brasileiros caiu em todas as comparações realizadas pela CNDL e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em abril. No mês passado, a queda foi de 7,87% na comparação com março e de 3,93% no confronto com idêntico mês de 2009. No primeiro quadrimestre do ano, a queda está em 3,18% ante o período janeiro-abril do ano passado. "Tradicionalmente, a inadimplência cresce nos primeiros meses do ano porque o consumidor, já endividado com as compras natalinas, tem o orçamento ainda mais comprometido por um acúmulo de despesas, como pagamento de impostos e matrículas escolares", comentou.
As mulheres continuam a ser apontadas com responsável pela maior taxa de inadimplência (57,59%). Em relação à faixa etária, 27,43% dos que não honraram seus pagamentos estão entre 30 e 39 anos. "O brasileiro é bom pagador. Não paga quando não tem renda", afirmou.
Pellizzaro Junior comemorou o aumento de 4,92% de cancelamentos de registros no SPC Brasil, em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Este cancelamento mostra o percentual de pessoas que pagaram suas contas em atraso. "São duas linhas andando em sentido contrário e quanto mais se aproximam é melhor o cenário: há pouca gente entrando e muita gente saindo do SPC", disse.
Pellizzaro Junior não vê problemas no fato de 18% da renda dos consumidores estar comprometida com crédito, segundo informações do Banco Central. "Até 20% de comprometimento em um cenário regular é um comportamento altamente admissível", avaliou. "Não é suficiente para acender qualquer luz amarela", completou.
Outro número destacado pelo presidente da CNDL é o de que a maior parte dos parcelamentos em atraso está em patamares baixos. Pelo levantamento realizado em abril, 28,32% do total da dívida não honrada é inferior a R$ 50,00 mensais, enquanto 21,43% encontra-se na faixa entre R$ 50,01 e R$ 100,00 e 24,7% entre R$ 100,01 e R$ 250,00.
Veículo: Jornal do Comércio - RS