Chanel reforça operação no Brasil

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Em 1° de julho, a grife francesa Chanel passará a operar diretamente suas atividades no Brasil, após 15 anos de parceria com a butique paulistana Daslu. Além de assumir o controle da loja no Shopping Cidade Jardim, inaugurada em dezembro de 2008, a marca de alto luxo vai abrir, a partir de outubro deste ano, uma loja-conceito e uma perfumaria própria no Shopping Iguatemi, também em São Paulo.

 

A decisão faz parte de uma estratégia global da empresa de administrar sua rede de butiques próprias no mundo e também reflete o objetivo de reforçar suas operações no Brasil, disse ao Valor Bruno Pavlovsky, presidente das atividades de moda da Chanel.

 

"Cada vez mais clientes brasileiros compram nossos produtos em todo o mundo. Constatamos também uma grande demanda de produtos da Chanel no Brasil. Chegou o momento de consolidar nossa presença no país", afirma Pavlovsky.

 

Assumir as operações no mercado brasileiro, por meio de sua filial, também representa "uma oportunidade" para a Chanel controlar totalmente a imagem da marca no país, diz Pavlovsky. A marca francesa poderá ainda ampliar no futuro sua presença no Brasil com novas butiques em outros Estados. "Não há nada definitivo atualmente. Vamos analisar primeiro a situação de nossas duas lojas para pensar depois. São Paulo possui um forte potencial econômico, mas o Rio ou Brasília poderiam também ser opções interessantes", diz o presidente das atividades de moda.

 

Com 170 butiques no mundo (sendo 42 delas na Ásia), a Chanel planeja abrir em 2010 cerca de uma dezena de lojas de moda, incluindo a do Shopping Iguatemi. A maioria será aberta na Ásia: estão previstas duas novas lojas na China, uma em Cingapura, uma no Vietnã e uma no Japão. Também serão inauguradas butiques no México, no Líbano e na Turquia, o que deixa claro a estratégia da marca de privilegiar atualmente os mercados emergentes no processo de expansão de sua rede. Também serão reabertas, após obras de renovação, a loja no bairro do Soho, em Nova York, a partir de setembro, e a de Milão, em dezembro.

 

A Chanel informa ter registrado crescimento nas vendas no ano passado, embora não divulgue nenhum número. O desempenho foi melhor do que o previsto, apesar da crise, o que deixa a empresa otimista em relação à expansão das atividades em 2010. "Os resultados em 2009 foram superiores aos que a situação econômica permitia prever, com um forte crescimento a partir do segundo semestre. Estamos muito confiantes em relação ao desenvolvimento da marca neste ano", diz Pavlovsky, acrescentando que "os resultados da Chanel têm sido extremamente positivos nos últimos anos, com crescimento constante das vendas".

 

Conhecida no mundo todo, a Chanel é, curiosamente, também uma grife ultramisteriosa, que não é cotada em bolsa e não divulga nenhum número, nem mesmo o de funcionários. Analistas financeiros estimam o faturamento da companhia entre € 2 bilhões e € 3 bilhões e que seu valor de mercado seria de € 10 bilhões. A empresa familiar é, por sua vez, tão secreta que chega a ponto de nem mesmo confirmar o nome de seus proprietários, os irmãos Alain e Gérard Wertheimer, família originária do leste da França.

 

Eles são netos do antigo sócio da mademoiselle Coco Chanel, Pierre Wertheimer, com quem a estilista havia feito, nos anos 20, uma parceria para criar e distribuir seus perfumes e que, em 1954, assumiu a totalidade do controle da Chanel. Seu neto, Alain Wertheimer, que comanda a Chanel desde meados dos anos 70, deu novo impulso à grife, que estava "adormecida" na época, com a criação do prêt-à-porter, em 1978, e das atividades de joalheria, sem esquecer a contratação do estilista Karl Lagerfeld, em 1983, e expandiu a marca internacionalmente.

 

O número de butiques hoje é mais de oito vezes maior do que existia no início dos anos 80. Além da tradição do sigilo, Alain Wertheimer também manteve o controle de todas as operações, inclusive a da fabricação de perfumes. Diferentemente de outros grupos de luxo, a Chanel é a única que produz suas próprias fragrâncias.

 

A grife apresenta anualmente seis coleções de prêt-à-porter e duas de alta-costura. As duas lojas no Brasil poderão ter artigos diferentes dos encontrados em outros países. "Uma seleção de peças é geralmente obrigatória para todas as butiques, mas cada uma tem a possibilidade de fazer sua própria seleção, melhor adaptada ao seu mercado", diz Pavlovsky.

 

Veículo: Valor Econômico


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