Obrigado a atender a maior parte de sua demanda por produtos agropecuários com "importações" provenientes de outros Estados do país, o Rio de Janeiro começa a obter resultados com um pacote de programas de estímulo à cadeia de lácteos e já planeja implementar algo na mesma linha para incentivar o segmento de carne bovina.
Dividido em três frentes principais, o programa leiteiro absorveu R$ 153 milhões em investimentos do governo estadual de 2008 a maio deste ano. Segundo a Secretaria da Agricultura fluminense, os benefícios concedidos atraíram novos projetos e a produção aumentou de 470 milhões de litros, em 2007, para 600 milhões em 2009.
"É difícil pensar em autossuficiência, mas estamos mostrando, com um conjunto de ações, que é possível melhorar", afirma Alberto Messias Mofati, secretário da Agricultura do Rio de Janeiro. Segundo o governo, o consumo no Estado é de 2,5 bilhões de litros de leite por ano e o mercado de lácteos como um todo movimenta US$ 2,4 bilhões. A meta é elevar a produção para cerca de 1 bilhão de litros em 2014.
Como já informou o Valor, uma das empresas atraídas pelos incentivos foi a gaúcha Bom Gosto, que adquiriu uma unidade da Nestlé no município de Barra Mansa e investiu quase R$ 30 milhões para recuperá-la. Outras quatro companhias instalaram-se no Rio e existem três projetos em fase final de estudos na agência de fomento do Estado (Investe Rio), que ajuda a financiar novas indústrias.
A primeira medida adotada pelo governo para reverter a decadência do segmento, aprofundada na primeira metade desta década, foi zerar o ICMS sobre leite e derivados produzidos no Estado. Antes, o leite fluido pagava 7% e os lácteos em geral, 19%. Para realçar o incentivo, os produtos de fora continuaram taxados.
Mofati destaca, ainda, que 260 pecuaristas também já foram beneficiados com financiamentos de R$ 6 milhões no total do "Rio Genética", que faz parte do pacote de programas. Com os recursos, os produtos compraram 2,3 mil matrizes, e o objetivo é alcançar 5 mil até o fim deste ano.
"As cooperativas também voltaram a crescer e a se organizar", diz o secretário. No passado, apenas a CCPL era responsável por captar 700 milhões de litros de leite por ano no Rio de Janeiro, mais do que a produção total do ano passado. Entre cooperativas e empresas, informa Mofati, existem 60 laticínios produzindo atualmente no Estado.
"Sabemos que não temos o mesmo potencial em outros segmentos, mas em algumas delas podemos avançar. Nos últimos dez anos, o complexo hortifrutícola do Estado cresceu 100%; há investimentos no plantio de cana e teremos avanço em carnes. Neste último caso, já há um acordo na Assembleia Legislativa para desonerar a cadeia", afirma.
Veículo: Valor Econômico