Com a aquisição, no valor de R$ 345 milhões, grupo se torna o terceiro maior produtor de açúcar e álcool, atrás da Cosan e da Louis Dreyfus
Capitalizada pela recente injeção de R$ 682 milhões feita pela Petrobrás Biocombustível, a Açúcar Guarani deu início ao projeto de expansão prometido no momento do fechamento da parceria entre as duas empresas. Por R$ 345 milhões, a Guarani adquiriu a Usina Mandú, depois de três meses de negociações e de enfrentar concorrentes de peso, como Cosan e Bunge.
"Estamos utilizando os recursos da Petrobrás Biocombustível para crescer, seja por meio de oportunidades de aquisição, seja através de expansão orgânica", afirma o diretor-presidente da Guarani, Jacyr Costa Filho.
Ele considera a Usina Mandú estratégica para a empresa, uma vez que está próxima às demais usinas do grupo. A sinergia gerada pela proximidade é importante para a redução de custos em investimentos agrícolas, industriais e logísticos. A Mandú localiza-se em Guaíra, no noroeste paulista, região na qual a produtividade da cana é superior à média brasileira, e onde também estão localizadas todas as seis usinas da Guarani: São José, Cruz Alta, Tanabi, Severínia, Andrade e Vertente (nesta, a Guarani possui 50% do capital).
Principais produtores. Em volume de cana-de-açúcar processado, a Mandú adicionará 3,5 milhões de toneladas às 17,2 milhões de toneladas da Guarani, elevando o total do grupo para 20,7 milhões de toneladas na atual safra 2010/11. Com a Mandú, a Guarani ocupará o terceiro lugar no ranking dos principais produtores do Brasil, atrás apenas da Cosan e da Louis Dreyfus. Segundo o executivo, além dos R$ 345 milhões pagos pela usina, dos quais R$ 260 milhões já foram desembolsados, a Guarani também assumiu a dívida da Mandú, de R$ 255 milhões. Um volume entre 40% a 45% dessa dívida é de curto prazo.
O diretor-presidente da Guarani diz que o perfil de produção da Mandú se enquadra na estratégia da empresa de elevar a produção de etanol. Na Mandú, 60% da cana é utilizada para a produção de etanol e 40% para a de açúcar. Atualmente, em todas as usinas da Guarani, o mix de produção é mais açucareiro, com 60% da cana para açúcar e 40% para etanol. A integração da Mandú às demais usinas fará com que o mix se aproxime da proporção 50% de etanol/50% de açúcar, como quer a Petrobrás Biocombustível.
Atualmente, a Mandú produz 200 mil toneladas de açúcar, 175 milhões de litros de etanol e 12 MW de bioeletricidade. Segundo Costa, existe um projeto de expansão da cogeração em mais de 40 MW, parte dele já realizado. O executivo informa que a Mandú, assim como as usinas da Açúcar Guarani, possui pouca cana própria. Do total processado pela usina, 35% é de cana produzida pela empresa e 65% por terceiros. Entre os principais fornecedores da usina estarão os antigos donos, as famílias Diniz Junqueira, Carvalho Dias e Vilela Rosa, que criaram uma companhia agrícola. Um acordo entre eles e a Guarani prevê o fornecimento do produto durante pelo menos dois ciclos de cana (do plantio ao último corte), ou seja, por um período em torno de 14 anos.
Instalações de ponta. Desde sua fundação, em 1980, a Mandú foi dirigida pelo trio Roberto Diniz Junqueira, Francisco Marcolino Diniz Junqueira e Marcos Vilela Rosa. Nos últimos cinco anos, a usina dobrou sua capacidade de produção, graças às instalações industriais de ponta e a uma área agrícola privilegiada.
A aquisição foi feita por meio da subsidiária da Guarani, a Cruz Alta Participações S/A, sociedade formada em 51% pela Guarani e 49% pela Petrobrás Biocombustível, conforme parceria estratégica de R$ 2,2 bilhões celebrada em acordo de investimentos entre a Tereos Internacional e a Petrobrás Biocombustível no dia 30 de abril.
Veículo: O Estado de São Paulo