A Justiça de Ribeirão Preto (SP) avalia o pedido de falência da Indústria de Alimentos Nilza, uma das mais tradicionais produtoras de leite longa vida do País, feito pela Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro Ltda. (Casmil). O pedido foi protocolado no último dia 27 de maio e encaminhado ao juiz Héber Mendes Batista, da 4ª Vara Cível do município, que também foi responsável por acompanhar e homologar, em outubro do ano passado, o plano de recuperação judicial da Nilza.
Mesmo com o plano aprovado e com a ampliação da produção de lácteos, a Nilza voltou a atrasar o pagamento de fornecedores, o que teria motivado o pedido de falência por parte da Casmil, que tem sede em Passos (MG). "O atraso motivou o pedido e não foi só conosco", resumiu Leonardo dos Reis Medeiros, presidente da cooperativa, que não quis dar mais detalhes. Já os advogados da Casmil confirmaram que o pedido foi causado pela falta de pagamento. Eles não quiseram comentar, alegando sigilo comercial.
Como o processo está com o juiz Héber Batista, a Agência Estado não obteve acesso ao documento. A diretoria da Nilza informou que os advogados estavam analisando o caso, que o pedido de falência pode ter sido um equívoco do fornecedor (Casmil) e que não havia nada concreto para ser informado, já que a empresa sequer foi notificada oficialmente.
À época da homologação da recuperação judicial da Nilza, coube ao mesmo juiz que agora avalia o pedido de falência atuar no impasse jurídico do processo, já que a maioria de credores com garantias reais tinha rejeitado, durante a assembleia, o plano feito pela companhia. Batista homologou o plano de recuperação judicial. Em seu despacho relatou que a maioria das outras categorias de credores foi favorável ao plano e resumiu: "Em suma, a realidade fática não recomenda a falência da recuperanda".
O pedido de falência feito agora pela Casmil ocorre um mês depois de uma nova crise atingir a Nilza. A companhia suspendeu, em abril, a captação e o processamento de leite e mandou para casa cerca de 250 funcionários do setor fabril nas unidades de Ribeirão Preto e de Itamonte (MG). Para justificar a suspensão da produção, a companhia informou que negociava a venda dos ativos e que não queria ter mais prejuízos nas operações até a conclusão do negócio.
Além de ser mais um capítulo do drama enfrentado pela Nilza - que possui uma dívida de R$ 340,8 milhões - o pedido de falência é um novo atrito entre a Casmil e a companhia.
Veículo: DCI